sexta-feira, 20 de agosto de 2010

Bat-e-volta

Agosto de 2010. Como um daqueles super-heróis que não estão na ativa há muito tempo, eu retorno aqui. Minha bat-caverna dos textos insólitos.

Desde agosto do ano passado, quando eu vivia um stress absurdo pela minha extinta banda, até hoje guardo um sentimento de traição por parte daquela molecada. Me doeu muito ver como cada um lidou com minhas músicas e mais ainda perceber que dentre tantas formas de lidar com o que eu escrevia e cantava, ninguém levou aquilo pelo lado poético...ou artístico no sentido da arte mesmo.

Isso já foi embora. Eu componho e me preparo.

Agora meu emprego. Na zilar-caverna há de se guardar tudo, sejam textos filosóficos, teorias deliciosas ou meramente uma constatação. E essa é a constatação.

Um emprego não quer empregar o melhor de nós. Ele que só nos pregar a ele mesmo.

Confuso, não?

Pra quem trabalha e não se sente realizado, acho que não.

Hoje em dia vivo um mundo que tem muitas tramas e personagens e , bizarramente, como último coadjuvante, tipo o "tio que serve o cachorro-quente ao herói", vejo a empresa e seus objetivos.

Quando pedi ao meu pai para poder trabalhar em publicidade, eu dei um motivo final, simples e sincero: " Eu só quero ser feliz ,pai". Eu tinha acabado de pegar minha OAB, era um advogado e não me via como tal.

Hoje eu sou publicitário. E olha, não ando muito feliz.

Da mesma forma que ganhei uma espécie de medo para com minhas ideias musicais, como se elas depois de "saídas " de mim virassem futuras cobras a me envenenar, agora sinto o mesmo com minha ideias para publicidade.


A publicidade é podre. É mais putas, drogas, fraude, roubo e hipocrisia que 3 woodstocks e 4 Donald Trumps juntos em um copo, sem gelo.

O mais estranho nesse mundo é que ele parece ser um planeta à parte. Um mini-planeta dentro do planeta Terra, dentro do Brasil, dentro de São Paulo e dentro do bairro onde trabalho.

Aqui não se deixa sequer ir embora. É preciso lutar por isso. Porque por mais que você veja que todos à sua volta lutam pela sua saída, você não consegue cumprir esse desejo porque o dono do lugar sabe o motivo disso:

As pessoas tem ambições desprovidas de asas. Elas apenas "querem" coisas. "Querem" ganhar mais. "Querem" controlar. Mas não lembram sequer como se escreve merecimento.

Merecimento nos dias de hoje é bom relacionamento. Se você puxar um saco, se você parecer que está indo muito bem ( mesmo ficando o dia inteiro jogando no Facebook dentro do trabalho), não importa.

Merecer algo é um detalhe.

Eu quero merecer mais felicidade. Ó minha zilar-caverna, eu hoje me sinto um heroi derrotado.
Meus sonhos já andam encarcerados há tanto tempo que acho que eles não mais gritam por resgate. E isso é desesperador.

De consolo, eu atravesso essa época com uma balança que começa a se equilibrar.

Dinheiro sem felicidade não traz nada.
Felicidade sem dinheiro pode ir buscar tudo.
Tanto dinheiro quanto felicidade nunca serão coisas garantidas na vida.


Agora olho para o que sei, como o heroi que observa seu hall de armas empoeiradas.
Eu olho pro que vivi, como o heroi que lê os perfis de vilões que já derrotou.
E olho pra minha companheira, como o heroi que sabe que não está mais sozinho nessa luta.


É hora de ter coragem. Reagrupar. E lutar a última luta com o mesmo ânimo que qualquer um lutaria na primeira batalha de sua vida.

E sem bat ou zilar-móvel, é claro.