quarta-feira, 15 de junho de 2011

Lona

É uma pena mesmo. Mas 2011 vai ganhar o primeiro texto com uma dose cavalar daquela nuvem de pensamentos negros. Aqueles, que nas tirinha de humor muitas vezes não são balõezinhos com texto, mas só uma nuvem negra.

Achei que 2010 era um ano maldito. Comecei este pensando em seguir subindo. Abrir um negócio. Ganhar um dinheirinho, ter mais tempo para escrever, cantar, seguir com as artes, uma dádiva-maldição que me acompanha.

Por favor, não me chame de herege. Só de realista. Sempre gostei da ideia de não me conformar em me resumir a ser apenas uma coisa, um especialista- da - especialidade- da- área- específica. Mas é fato que, quando a gente fecha um texto, dá stop em uma música ou sai do cinema, uma verdade absoluta bate à nossa porta: Quanto de dinheiro ganhamos?

Há muito pouco tempo eu preguei uma ideia que eu sei que ainda está fermentando dentro de mim: Qual o papel do dinheiro em nossas vidas? Não o monetário ou óbvio, mas o sentido filosófico?

O dinheiro existe pra quê? Creio que é para nos auxiliar a vivermos plenamente. Não somos faraós, que acreditavam levar seus bens, animais, entes queridos e serviçais para o além. Então é bom ganhar algum para viver. Viver para ganhar algum não faz muito sentido.

Só tem um problema. Creio cada vez mais que a vida anda perdendo o sentido. Não viver para ganhar dinheiro para poder (sobre)viver é mais ou menos como ter um carro que não larga, sob meu humilde ponto de vista.

A vida é bela. Mas é difícil pra cacete. Esse é sentido, claro. Vidas fáceis tendem a terminar mais rápido. Pergunte ao mendigo que dorme nas ruas nessas noites frias de cinco ou seis graus. Ele vai te dizer que com quase nada está já com cinquenta e poucos, quando muitos já empacotaram aos quarenta, muito quentinhos e bem vestidos para ir para o além, de terno e gravata.

Caro(a) leitor(a), entenda que hoje não estou com o menor compromisso em criar um texto sarcástico. Nem sequer qualquer coisa que valha um "post legal". Tô falando da parada crua e nua.

Já estive "por cima". Em muitos departamentos. Mas não é que eu tenho a maldita natureza de querer expandir sem fim? E, para melhorar, não falo no quesito "grana". Não. Eu abro ( e como abri) mão de ganhar essa maldição de papel e metal para expandir meus horizontes, minha liberdade.


Bem, agora eu sou bem livre. Livre de tudo e todos. Livre da minha banda. Livre de alguns malditos ex-colegas de trabalho. Mas, acima de tudo, livre de ter a liberdade de pagar as contas.

Dinheiro. Ele é a razão de muitas coisas. E, mais do que infelizmente, cada vez mais eu o vejo como o fim da conta dessa fucking life.

O dinheiro compra coisas demais. Algumas são reais e efêmeras, como roupas, um dvd ou livro. Mas as que mais me incomodam são as coisas "invisíveis" que ele compra.

Perante meu próprio tribunal-MBA em filosofia de vida, admito que sou muito burro. Um interesseiro é o ser humano mais competente para se fingir meu amigo. Sempre me cerquei desse tipo de ser minúsculo de existência e sempre me ressenti de percebê-los apenas quando já não sou mais alvo de seu interesse.

Tenho amigos. Mas amigo, amigo, daquele que merece que você se mate para ajudá-lo, só dois. L.F. e L.L., vocês sabem quem são.

O resto? Sob meu ponto de vista "prático", começo a pensar de maneira maniqueísta. Vejo que todos só ajudam aqueles que não precisam de ajuda, como quem investe em uma empresa que já anda em alta sob o pretexto de "quero acreditar no futuro". Sim. Futuro. O dele.

Vou sair dessa. Mas antes de mais nada, é preciso ter em mente que essa nuvem de pensamentos negros precisam virar ensinamentos translúcidos de tão claros.

Nessa vida, meus caros, conte com UMA pessoa. Você mesmo.

O resto? Faça politicagem, boa-vizinhança, simpatia, chame do que quiser. Mas vá levando sem pôr muita fé. Mesmo quando eles derem cambalhotas para "mostrar que pode por fé, eu tô aí pro que der e vier".

Mas não sejamos injustos. Dá para esperar uma coisa das pessoas com certeza. Elas vão ter dar muito. Muito espaço e distância quando você estiver na pior.

Eu estou na pior. E, aproveitando o espaço que me deram, vou ver se anoto no chão os nomes e atos dos meus "queridos amigos". Claro que os que ganham letras garrafais são os que conseguiram ajuda real da minha parte e hoje dão o lema da vida moderna: "Veja bem, é que...".

Lona. É onde estou agora. Espero poder usar a perspectiva para ganhar uma visão mais estreita do que quero nessa p$#%% de vida.

E , se der tempo--melhor--se der dinheiro, dou vazão àquela coisa tão descrente por redatores, filósofos e cientistas: A realização da minha alma.

Até lá, o cardápio por aqui vai ser de textos com vitamina, ou seja, com CASCA.

Favor cuspir o caroço longe do teclado. ; J