quinta-feira, 12 de novembro de 2015

SOBRE ALGUMAS CRUZADAS

"Você é isso. Você é aquilo. E também aquilo outro."
"Não, eu não te conheço, mas conheço bem o seu tipo."
"O que você tem a dizer sobre isso? (interrupção) VOCÊ NÃO VAI ME DIZER NADA, ENTENDEU? NADA!"
"Você me entende? Entendeu? Quero que você me entenda! (interrupção de novo) VOCÊ JAMAIS VAI ME ENTENDER, TÁ?"
"Você deveria apoiar essa causa. (interrupção novamente) VOCÊ NÃO PODE FALAR NADA PELA CAUSA, VOCÊ NÃO PODE, É O OPRESSOR."

Esse diálogo (monólogo) tem se repetido ao longo desses meses. E ando realmente entendendo que talvez as pessoas queiram apenas encontrar alguém que tenha a decência de receber o jorro de vômito de raiva, frustração e injustiças que elas sofreram. Doa a quem doer (em geral o cara que não tem a energia do escroto que fez tudo isso a essa ou aquela pessoa, por isso esse cara estar ouvindo-- e ao escroto a pessoa sequer consegue falar um 'você faz coisas erradas").

Uma única colocação (e ponto de vista):
Se há um movimento que mostrou que agregar e querer dialogar (sem aguentar babaquice, claro) comprovadamente funciona é o movimento da causa que antes era chamada só pelo G. É . A causa gay. Prova cabal é que até hoje há o "S" lá. É por isso que para eles eu bato palmas. Todos. Pois buscam o caminho do amor. Do diálogo. Do entendimento. Da busca por respeito e o constante convite a todos que queiram entender seu lado.

Irônico, pois é o contrário do que tenho visto em uma série de causas. Revanchismo, por definição é contra-ataque. Não é opinião. É só lógica. E tudo se perpetua nessa mola. Se a satisfação de empurrar 'um pouco pro lado deles'  (leia aqui qualquer lado opositor do que você acredita) for o suficiente pra você, ok. Mas saiba que se o "eles" é mesmo a representação do(a) babaca que você fala, é fato que esses/essas babacas voltarão com babaquices ainda mais escrotas.

Enxergar a si é importante. E enxergar o outro é necessário para não só abrir a troca para uma mudança real de paradigmas que beneficie GERAÇÕES da sua causa. Eu tenho enxergado esses revoltados e revoltadas. E tenho escutado.

Mas como ocorre em sala de aula onde um professor fala "senta, cala a boca e só anota", a forma de ensino sobre essas questões tem me colocado na posição do aluninho que é melhor sentar e calar a boca. E eu quero aprender. Não só fingir que entendo. Para isso, preciso refletir. Trocar. Conversar.
E não só ouvir "é assim ou foda-se você, entendeu?"

Enquanto você acha que está pacificando o mundo com seu dedo, mandando todos que morreram por sua causa "olharem e aprenderem lá do além", saiba que já detectei gente que esconde seu lado podre. É um povo que é reflexo dessa ação de "é isso ou foda-se". Eles não refletem, abdicaram qualquer diálogo e aprenderam rapidamente com os paladinos da justiça social qual deve ser o discurso falado no automático para serem vistos como pessoas do bem. É o lobo ganhando a pele de cordeiro do próprio cordeiro. O fim disso? Não sei. Mas temo muito pelas pessoas que sofrem o que virá no futuro próximo (10 a 15 anos).

Fora isso, vale lembrar que é ao enxergar o outro- e só assim- se torna possível se policiar para não se tornar uma nova forma daquilo que você justamente se empenha em lutar contra, ou seja "o novo opressor do pedaço". Justiça é uma coisa. Revanchismo é outra.

E lembre-se: De boas intenções, todos os ditadores de nossa história estavam (e estão) cheios.

segunda-feira, 2 de novembro de 2015

De sobra


Como em um retiro pessoal, retorno à minha caverna de textos, ou seja, aqui.
Já se acumulam mais de 12 semanas desde que me adequei à vida que não planejei, aquela em que eu por mim tenho que me bastar.

E é irônico ver como agora eu sinto o balanço do trem entre as diferentes estâncias: O só, o sozinho e o solitário.

No "só " há o bonito, onde a luz própria me cerca de bons amigos e amigas em papos que me dão a sensação de ter sido em algum tempo um astronauta agora de volta ao planeta. Ali o sentimento é de gratidão, de pura alegria em trocar informações. Nesse momento do "só" fecho tudo com a palavra
"ABRAÇO".


A onda bate, e o barco tem de mudar de posição.

E então entra o momento do "sozinho". Esse é agridoce, pois ao mesmo tempo que nos dá a percepção de que há uma lição que não se aprende de outra forma (a de se bastar), é também o momento mais vulnerável, pois no "sozinho" existe a situação de estar acompanhado, cercado de gente, mas se sentir deslocado. Mais do que isso, é aqui que me encontro agora, na hora desse post. É um sozinho que de vez em quando se agiganta, vira um tipo de "sozão". Seja por me desprender da companhia que tenho (mentalmente) ou ser desprendido pelo reflexo de "bode" que tenho visto ser mais constante que espirros ao alérgico, a dor que surge não é da situação inicial (ser só), mas da constante frustração de achar que o momento irá mudar, ver o cenário clarear até que se confie colocar os pés para fora da bolha e sentir que na distância que nos impede de retornar ao fino invólucro de proteção que se criou, você irá novamente se escaldar. A esse momento dou a palavra "QUEDA", pois por mais que se caia, é inerente a uma queda que se encontre algo sólido ao final, o que nos permite não só nos ferirmos, mas também levantar. E isso significa que é inexorável que eu retomarei os mecanismos de anti-queda.


Por último, esse momento em que o barco vira um túmulo flutuante: o "solitário".

Solidão é hoje uma palavra que eu percebo ser bem menos dramática. Antes eu a confundia com o "sozinho", mas isso se mostra uma noção idiota. Solidão é o status quo do estar isolado. É algo que só ganha dimensão quando mudamos a página da vida e percebemos que o tempo passa, passou e está ainda a passar e o cenário à sua volta (social) vai ganhando cimento em sua mistura antes 100% composta de uma areia fina e absolutamente mutável.

Solidão é preocupante. Pois ela revela o perigo de não só ferir, mas nos treinar a gostar dela.
Tento refletir ao máximo esse momento de navegação em um barco de 2 remos e 1 lugar. Mas é preciso se manter em um rumo que ao mesmo tempo não pode me desanimar de passar por essas águas sozinho, também não pode me fortalecer de tal forma que eu fique à deriva mesmo após aportar.

Logo, a missão é entender que o destino da viagem não está no mapa, mas no navegante.
Se me dói ser assim? Sim. Mas se há uma coisa que me consola é que se o barco que tenho hoje tem menos lugares (1 só), dar "carona" nessa vida exige de mim também mais cuidado.

Assim sendo, àqueles possíveis amigos; àquelas possíveis amantes, fica o meu muito obrigado por suas sutis e muitas vezes educadas fugas e distanciamentos. Pois se há dor em ver tanta gente a recolher mãos, beijos e abraços, também há agradecimento e entusiasmo. Afinal, se ao me portar ainda que mais equilibrado ainda percebo ser incapaz de me emular e me "tornar" aquilo que vejo (no espelho dos olhos e discursos das pessoas) ser "o que eu desejo para ter ao meu lado" por parte dessas pessoas, estou certo que novos amigos e amores só podem chamar o que há de melhor em mim de verdade com um ínfimo compromisso chamado "atenção".

E essa atenção anda cada vez mais dispersa.

Chega de prosa e bora remar, pois esses três ("só", "sozinho" e "solitário") não vão desembarcar em pleno mar, não é mesmo?


sábado, 19 de setembro de 2015

CHEVETES.

Nos últimos dias (30) tive um passeio pelo mundo 2015. Depois de 5 anos longe do verdadeiro "rolê", me peguei em um mundo bem diferente daquele que deixei. Ainda não sei se é melhor ou pior, mas com certeza ele me deixou um tanto deslocado.

Nesse mundo paulistano que conheci até agora:

Um homem sem barba é um homem sem pinto.
Um homem com cabelo barbercut tem +50% de pinto.
E um homem lumber-samurai (WTFUCK IS THIS?!) é um homem com dois(?!) pintos.
O homem com dois pintos em geral curte homens, e beleza.
Mas não é que as meninas curtem esse mesmo?
Resultado: É zero a zero no Pacaembú, amigos da Rede Globo.

90% das meninas abaixo da faixa dos 25 anos são bissexuais (até aí sussa), mas têm uma coisa estranha em comum: São blazé, falam "nada" com propriedade diplomática e parecem destilar um ódio de transferência apenas a um sexo, o masculino. Não retruque. Não indague. Você pode tomar uma estatística na fuça, um dedo na cara (ufa) e um post nuclear na sua vida virtual.

Ninguém se encontra pelo simples fato de estar muito ocupado em não procurar algo além da razão.

Nessa das meninas que curtem tudo e não pegam ninguém, eu penso: Eu que tenho bons amigos de variados perfis de sexualidade (irrelevante na hora de conhecer um brother, uma amiga), não consegui entender o paralelo entre eles (em paz) e essas meninas (em "luta").

Ao mesmo tempo, fico me perguntando o que diabos os meus colegas de classe (homens hétero) fizeram com o sexo feminino nesses últimos anos. Será que essa geração deu cria uma ninhada de monstros machistas "no último" (grau)? Será que eles são escrotos, todos cafajestes formados?
 Eu não sei mesmo. E apenas observo. É triste ver o verso de Criolo (lindo) fazer sentido: "Os bares estão cheios de almas tão vazias" ("Não existe amor em SP").


São Paulo parece estar perdendo seu ar cosmopolita. Entre Augusta, restaurante na Vila Olímpia, Praça Roosevelt, baladinha em Moema ou boteco na Vila Mariana, ao que tudo indica, o vírus que me fez feliz em vir/ficar aqui morreu. As pessoas andam cada vez mais pasteurizadas. Iguais.
E (ha) todas se sentindo extremamente diferentes.  É um pouco triste- e muito como uma febre da tal "roupa do Rei". Ninguém é burro. Todos estão pelados. Se veem pelados. Mas contratam uma passadeira para seus novos trajes.

Opiniões são perigosas. E não falo de opiniões que merecem ser rechaçadas, como racismo ou um machismo. Não. Eu digo opiniões. Não gostar de um filme ou simplesmente odiar a ideia de praticar tal esporte podem ser agora não mais um motivo para conversar e debater, mas um "getta fuck out of here" da mesa, já que tal afirmação pode ser o cheiro de algum valor deturpado. É como sentar com 4 cães da Polícia Federal que entre um gole e outro farejam suas obturações.

Essa é meio direta. As pessoas chegaram ao ápice da usurpação ideológica.
Vejo hippies que voltam pra casa de carros com preços de apartamentos.
Vi molecada vestida de B-Boy (vai pesquisar) que não sabe fazer um passo sequer de dança e tem vergonha de dançar.
Vi nego vestido de artista cheio de tatuagens que fala ser "do rock na veia" mas na real não sabe tocar um acorde ou conhece sequer algo além de uma banda.
Vi até mesmo skatistas que só carregam skates (seria uma modalidade?).
E se fosse só isso, ok. Mas o nível de "cosplay da vida real" anda chegando a pontos que desafiam o senso de lógica. É como se as pessoas agora não fugissem de sua realidade às vezes, mas simplesmente desconhecessem a realidade e estivessem em um comercial da Tubaína com os ursinhos carinhosos o tempo todo, ironicamente à procura de sexo de vingança, amizades de network e um título de MMA sobre...bem...sobre o que ela quiser.

Os "brothers" andam com a masculinidade ferida. Observei muito (é mania) o approach para tentar entender a dinâmica social atual. E fiquei com vergonha de ser homem. Os homens têm medo das mulheres. E são doidos para puxar briga com outros homens. Assim. Ele se acovarda com um drink na mão para buscar uma conversa ou um beijo com a menina que quer, mas está pronto para usar seu brazillian jiu-jitsu paranauê das creatinas e wheys dos infernos em qualquer um que olhar para a mulher que miseravelmente fracassa em cativar. Eu apelidei isso de "Homem-Hiena": Ele não faz nada. E tenta ganhar a mulher como o animal que eu lhe imputei faz, esperando a "presa" cansar e se entregar sem motivo real.

O dado mais esquisito pra mim: Todos possuem um discurso pronto MUITO parecido. É como se eu tivesse voltado ao Colégio Santista em 1994, quando aos 13 anos eu via todo mundo combinando o que é "cool'. O problema é que esse povo está atrasado pra ser assim na base de 10 anos. Cogito alguma vitamina que tenha sido colocada secretamente nos "sucos do bem" para obter um retardamento no auto-conhecimento. É incrível como as ruas estão lotadas de carros, os prédios cobram (e vendem) um metro quadrado cada vez mais absurdo X o que entregam mas todos, todos falam algo que eu chamaria de "CHEVETE": Ciclista, Esquerdista, Humanitário, Vegetariano, Eclético, Tolerante (em todos os sentidos) e ainda assim, Ecológico.

Postar não é opcional. Parece que postar selfies feliz e toda sorte de "material midiático de como eu estou bem pra caralho" é a prioridade. Vi bares, baladas e até rolês do tipo "bebendo na rua" repleto na base de 80% com pessoas de caras fechadas, sozinhas, isoladas e deslocadas desesperadas tentando registrar momentos mais fakes que entrevista de mãe com bebê em campanha política.


Por fim, o que me bate da mais desesperador: Parece que todas as pessoas estão cada vez mais se tornando marcas, munidas de sua própria "auto-agência de Relações Públicas". O problema é que depois que o discurso pronto é disparado, vejo o fruto da pior hipocrisia ( a consigo mesmo), que é um bando de gente que nega andar de carro, nega ser de direita em algum aspecto, nega ser machista ou ter alguma relação de vingança no feminismo torto, nega às vezes não querer salvar o planeta e nega tudo, pois uma vez dado o recado, tudo bem. "Eu estarei blindado no que interessa, que é o mundo virtual."

Qual o erro nisso? É que como em um regime, o primeiro passo para se emagrecer é admitir:
"-Porra, estou gordo."

Se todo mundo nega tudo e todos, devemos fundar uma faculdade em homenagem ao mestre da negação cara-de-pau, o Sr. "Rouba, mas faz". Pois é isso que temos feito. Roubado o diálogo, roubado a real evolução...e fazendo o que quisermos, doa a quem doer (pois temos uma geração de Houdinis atitudinais. Eles fazem e ninguém viu. E aí tudo bem, né? NÃO. Não está tudo bem.)

Então, se há pra mim alguma coisa a ser apontada é que no mundo onde o politicamente correto venceu, o praticamente (na prática) correto parece estar indo de mal a pior. Vejo Chevetes praticando discriminação velada, cheirando pó até as tampas, dirigindo TREBADA nas ruas e se auto-destruindo em um holocausto sexual que varre corações e noções de relacionamento humano pra debaixo do tapete sob o pretexto de amor livre. Amiguinhos, livre pode ser. Mas amor, na moral, não é. Isso exige um mínimo de tolerância REAL (não a que vivo vendo ser postada) e mais um tanto de dedicação.

Prazer, eu sou André, tenho um monte de defeitos, mas prefiro admiti-los a viver sendo uma porra de um Ken verborrágico (Mattel). E que se algum dia um Chevete vier fazer a tática de "varredura da vida do cara para destruí-lo e calá-lo sobre o que nos incomoda", eu possa abraçar cada podre que ele quiser levantar.

Por quê? Simples. O primeiro passo para resolver um podre é admiti-lo. Como eu já tinha dito: é como fazemos na hora de uma dieta. Vista sua pança e a vergonha na cara.

 Basta pôr menos filtro na foto e mais consciência no espelho.

Bjo, tchau.





terça-feira, 19 de novembro de 2013

UMA VIDA EM BRAVATA

Faz tempo que eu não escrevo aqui. Muito tempo. Mas acho que tudo tem um motivo. 

Quando eu postei aqui pela última vez, era publicitário e músico--mas principalmente desiludido com as duas ocupações. Vindo de uma fuga de uma carreira que não me apetecia, me peguei realmente desiludido com o sentimento de poder fazer qualquer coisa que todos nós temos em algum ponto da vida, em geral quando somos bem jovens.

O tempo passou e tive de tomar decisões duras, amenizadas apenas por aqueles que me apoiam no dia a dia, como meu pai. Embora ele não invista na minha nova decisão de carreira (que já não é tão nova), ele é minha pedra-fundamental no dia a dia, a pessoa a quem recorro sem a menor vergonha ou hipocrisia quando não consigo MESMO resolver uma questão financeira.

Ele ajuda como pode e assim vou indo. Falo que vou indo porque a decisão de sair de toda e qualquer agência de publicidade, perder o conforto financeiro que ela me dava e trocar isso pela missão hercúlea que é se lançar como artista full-time não é fácil.

A primeira perda é óbvia: saldo na conta bancária. A segunda é quase que uma consequência da primeira: o orgulho. Sou um sagitariano e tenho sim minha dose de orgulho, sempre gostei de caçar o que quero e é difícil hoje depender de uma miscelânea de favores daqueles que me querem bem e acreditam no sonho para viver. 

A Bravado começou  como uma piada, uma bravata mesmo e hoje já cresce a olhos vistos, mas nada me consola quando uma simples conta de  "luz/internet/seja-lá-o-que-for" chega. Esse desespero já me levou a atitudes para comigo mesmo das quais me arrependo, mas ele é reflexo de um misto de amor e visão do que posso e vou fazer VS. a educação de visão de mundo que sempre tive. Não me acho especial por isso, pois é meio óbvio que qualquer pessoa no ramo das artes deve passar por esse constante dilema, um dilema que muitas vezes deflagra completo desespero quando se vê que no overall, no geral, arte no nosso país é "gambiarra", é "favor" é "vamos ver" e nunca uma atividade que outros reconhecem como um ofício constantemente aperfeiçoado, dono de uma parcela gigante de tempo e outra ainda maior de investimentos a perder de vista na hora de pensar em como recuperá-los.


Entretanto, não quero deixar o post como uma coisa cinza. Eu ainda estou nesta nossa Terra de fé e pecado e não me cabe ser injusto com as graças que tenho recebido. Tenho uma sorte monstruosa em ter fechado finalmente um time do qual eu tenho orgulho e com o qual sinto uma confiança capaz de me deixar fazer meu papel. Sou grato a todos que vieram antes, a despeito de alguns me odiarem pela decisão de não tê-los mais na banda, mas a vida é assim.

Sou grato pelo trabalho constante que nossa produtora faz para nos manter na rede. Sou grato pelo apoio passado e constantemente oferecido pelo Freitas e Cláudio na produção do som. Sou grato à Bet Gallo pelas fotos que infelizmente não podemos mais usar e que ela de bom grado produziu. Sou grato pelos poucos e fervorosos fãs que vivem me repetindo para continuar na estrada, acreditar que o que eu faço não é só bom mas necessário no nosso cenário cultural atual. Enfim, eu tenho é de reclamar menos e agradecer mais e é isso que tenho feito.

Se isso é Karma ou força divina, lei da ação e reação, não sei: mas tem se mostrado eficiente. O exercício de encontrar aqueles que querem o seu mal e não deixar que isso entre em você na forma de vontade de retribuir o favor, a escola que tem se tornado olhar mais pro trabalho a ser feito e menos para os olhos de quem te desmerece por motivos pequenos ( seja lá inveja ou raiva, frustração ou miopia mesmo) e a escola espiritual que tem sido abrir o peito para os que te apontam flechas é o conjunto mais precioso de presentes que eu poderia receber pessoalmente.

Neste último feriado, depois de meses sem fazer shows ( suspendi a agenda para isso), voltamos aos palcos. Foi o show em Itanhaém-SP, em uma situação onde muita coisa parecia agir contra a gente. Eu falarei sobre esse show no próximo post ( merece), mas aqui resumo que tudo deu MUITO certo e sinto que houve um misto de sorte e preparação, dando fundamento ao clichê que é a máxima "a sorte escolhe aqueles que estão preparados".


É isso aí. Há anos que não sou o André estudante de Direito. Há anos que não sou o André advogado. E hoje faz mais ou menos 1 ano que eu não sou o André redator-preso-dentro-de-uma-agência. Hoje eu sou o André Bravado, o cara que não mais sonha em ser um artista, mas vive essa vida graças a uma dose incrível de apoio e carinho visíveis em atos das mais diferentes pessoas, indo da minha família à galera que cerca a banda e toca nela.


Portanto, se há algo que posso fechar no post é que penso a cada dia que o nome dessa banda não poderia ser melhor, pois quando  tudo isso começou pensei "se você não tem coragem para fazer algo, INVENTE coragem e faça. A vida, ao contrário das pessoas não difere coragem e bravatas, pois para ela o que vale é o que você faz de si mesmo e para os outros."


quarta-feira, 13 de junho de 2012

Sem sentido, com vontade

Volta e meia, em minhas caminhadas para casa, me pego em uma espiral: fico pensando em como eu poderia (se tivesse poderes infinitos) arrumar o Brasil. Uma brincadeira que começa saudável, mas chega uma hora em que percebo que foi mais fácil descer a Avenida inteira a pé do que pensar em uma solução definitiva. Eis o 1o tempo da "utopia zilarina":

1) Todos políticos com ficha suja são presos sob um novo tipo de processo que , ao contrário do comum, é feito 2 vezes mais rápido, não permite mais que 1 recurso e tem como juiz um júri formado por 25 pessoas de cada Estado do Brasil, em diferentes estratificações sociais e comprovadamente escolhidas aleatoriamente. Na primeira "limpa", quem manda é a ONU.

2) Se instaura mecanismos que proíbem a carreira política. Política não deve ser profissão. A pessoa pode ter 1 mandato de cada cargo (vereador, prefeito, deputado estadual, governador, deputado federal, senador e por fim presidente da república).

3) Ministro não pode ser político há pelo menos 6 anos.

4) A educação se torna uma META. Em contrapartida, se martela uma justiça real, firme e eficiente. Por eficiente entenda a mudança do que é considerado menor de idade, gasta-se um budget absurdo na construção de presídios até o ponto em que esse país possa permitir que presos de crimes menores não façam escola com monstros. Ah, monstros ganham um lugar especial na programação televisiva: São fuzilados na TV Senado, ao vivo, com presença de familiares e autoridades.

Policiais, desde soldados, ganham um plano de carreira. Com isso, nossa polícia não seria mais militar, mas toda Civil. Os salários dos bons policiais são nitidamente compatíveis com a ideia de você acordar de manhã cedo, colocar a farda, cumprir ordens e colocar o peito para tomar tiro.

Policiais corruptos, envolvidos com o crime recebem pena de morte, assim como os monstros com quem trabalhavam. Em casos mais "leves", são presos com pena dobrada por se valerem da confiança da população em sua figura policial.

Enquanto o pau come de um lado, o lápis avança para o futuro. Professores também ganham salários muito bons. A exigência é dobrada para esses profissionais, enquanto infra-estrutura de primeiro mundo se instaura em todas as escolas. Com o tempo, muitos jovens promissores em fase universitária miram na profissão como antes miravam para serem médicos ou advogados (em busca da possibilidade de ótimos salários).

A propaganda política é finalmente livre do marketing. Todos os candidatos tem que usar uma roupa idêntica (versão masculina e feminina, claro). Todos os candidatos têm de falar em um estúdio IGUAL, apenas com uma tela de LCD atrás. Os recursos a serem utilizados sãos os mesmos. O Brasil cria a proibição de fundeamento de Campanhas políticas. Com tanto dinheiro sendo roubado antes e depois, chega-se à conclusão que é melhor o Estado deixar tudo igual. Ninguém pode colocar um centavo na Campanha, ela é feita em prédios públicos especialmente criados para essa função. (Ágoras modernas. Ali são feitos os comícios, debates e todo tipo de evento. Todos de forma igual).

Para poder votar, todo brasileiro nascido a partir desse Brasil super-educado deverá ser no mínimo formado no 2º grau. Se ele não é, será mais cedo ou mais tarde: sem 1º grau, nada de benefícios, só um pacote de ajuda que garanta sua dignidade humana. Embora ela ganhe esse pacote com roupas, moradia , alimentação e direito a esporte e entretenimento básico, ela está lá para concluir sua educação. Enquanto estiver neste estado,  essa pessoa não pode ter carro, nem imóvel próprio, nem nada.
Ela morará em prédios de classe média criados para essa função, até que termine o supletivo interno.
Para o 2º grau ela receberá um benefício com base em seu desempenho escolar.

As favelas serão tratadas como o que são : um pouco de tudo. Nem só bandido vive lá. E também nem todos que por ali vivem são "do bem". Esse vespeiro é tomado quarteirão a quarteirão. TODOS que moram por ali são mapeados. Sem essa de criar conjunto habitacional de graça pro cara enquanto ele vende o barraco para outro perpetuar a favela. As pessoas são na real tentadas constantemente a regularizarem seu espaço naquela comunidade, construindo um imóvel corretamente. Pessoas da comunidades podem ser reunir e trazer propostas para que o Estado as realoque ALI MESMO, mas em imóveis bons. O que acontece? Com o tempo as pessoas fiscalizarão a própria evolução urbana do local.

Aos que teriam de viver em uma favela nova, sempre que houver esse problema, ela é alocada pra um conjunto habitacional de gestão governamental. Por isso entenda um local que é vigiado por câmeras de segurança, tem em cada condomínio uma delegacia com 10 policiais, uma escola para todas as crianças que vivem ali  e um pequeno posto médico, tudo ali. Se podem integrar piscinas, por que não o básico para a população?

Os impostos são renegociados. Da 8ª ao final do 2º grau, todos somos educados sobre:
COMO FUNCIONA O SEU VOTO, O QUE CADA CARGO NO PODER DESSE PAÍS FAZ;
COMO FUNCIONA A ECONOMIA BÁSICA, TODO UM CURSO PARA QUE A PESSOA POSSA CRESCER HONESTAMENTE COM O QUE GANHA;
QUAIS SÃO OS IMPOSTOS.


Falando em impostos, nessa utopia polêmica que posto por aqui, empresários não precisam mais pagar esse absurdo de impostos, ao passo que são cobrados imediatamente a derrubarem seus preços para que possam requerer " o novo sistema". A conta é feita pelo novo governo, explicando que por pelo menos 2 anos os preços que ele praticará serão os mesmos que ele praticava com a remoção dos impostos que ele antes pagava.

Nesta Utopia, o transporte público muda. Os centros urbanos lotados ganham regiões onde é proibido o fluxo de carros particulares com menos de 3 pessoas à bordo. Criam-se os táxis inteligentes, que a partir de um imenso cadastro permite que 4 pessoas dividam 1 táxi por toparem ir para o mesmo lugar. O táxi imediatamente é readequado com câmeras de segurança, óbvio.

Meio ambiente. Ao invés de papo, ação. Crimes ambientais e contra os animais são apenados. A fiscalização não é mais leve, mas uma das mais perigosas para a bandidagem: Ela é 100% transferida ao exército. Na necessidade de combate ao tráfico de drogas (depois falo delas), finalmente nosso país profissionaliza e cria atrativos para os militares. O contingente é melhor remunerado, melhor equipado.

A força aérea finalmente triplica a quantidade de aeronaves. A lei do abate (pesquise) se torna realmente eficiente, pondo pra fuder com aviões de traficantes de drogas, madeira, pessoas e o caralho a quatro.

Em suma: Se o cara é pego em crime de tráfico de qualquer merda ou crime ambiental pelo exército, ele se fudeu. Vai preso e qualquer reação (tudo filmado, claro) é repelida com morte mesmo.

Nosso país muda. O mesmo investimento que fizeram um dia para que nascesse uma Brasília (já falo disso também) é realizado em duas novas cidades, bem no coração do Brasil e na Região Norte. A meta é criar 2 novas "São Paulo" em nosso país, distribuindo a atratividade e concentração de renda/PIB e todo resto que vemos sempre aglutinando na região Sul e Sudeste.

A maconha é finalmente tratada como uma realidade e não uma criminalidade. A venda do produto é legalizada e seu uso é tão controlado e regulamentado quanto o fumo de tabaco é hoje em ambientes públicos. ( pelo menos no estado de São Paulo)

Enquanto isso, templos pagam impostos sobre suas doações que reflitam um faturamento que é mais parecido com o de uma multinacional. Logo, arrecadou mais de XX.000 reais em doações, você paga impostos como qualquer empresa que saiu do "Simples".

Brasília não é mais sede do poder no país. A sede do poder é trocada de 4 em 4 anos. Sim. Assim como as Olimpíadas e a Copa. Chega de um palácio de Versailles tupiniquim. E nem daríamos chance de que houvesse outro desses.

O judiciário inteiro é finalmente suprido com o pessoal que necessita. Os processos devem correr e finalmente correm rapidamente. A população tem acesso a uma escola de Direito básico para saber de seus deveres e direitos em diversos aspectos de sua vida cotidiana. É só se matricular e fazer o curso de 1 ano na faixa, o  que ainda dá de boi a chance de prestar concursos jurídicos menores.

A imprensa livre é finalmente investigada por seu envolvimento com políticos.  Todo e qualquer "jabá" pago enseja na demissão de todos os envolvidos e na proibição de sua contratação em qualquer cargo relacionado ao meio artístico ou literário.


(continua...?)






















segunda-feira, 4 de junho de 2012

Quem.



Não amo muita gente. Verdade.
Adoro alguns, gosto de muitos, simpatizo com a maioria.
Mas amor?
Amor é algo difícil de acontecer. E é justo que assim seja.
O verdadeiro “amar” só é verbo por uma insuficiência linguística. Pelo lado humano da coisa.

Somos falhos, então é aí que o amor se viabiliza.

Amor não deve ser substantivo nem verbo.
Deve ser uma figura infinita-superlativa.
Deve ser inquestionável.
E sabe mais o que o amor deve?
Ele não deve nada pra ninguém.

Amor é coisa prepotente, gente.
É o que conquista tudo.
Ah, e está pouco se fudendo se isso hoje é chamado de clichê ou brega.

Amor é como um diamante: Algo difícil de se riscar ou atingir.

Amores podem ser estragados, fato, mas nunca apagados. Conjugar “amar” no passado é prova de uma coisa:
Não se tratava do amor.
Rapá, essa bagaça é o contrato da alma.


Olha, o amor pode até se transformar em ódio.
Mas da mesma forma que frio é ausência de calor, o ódio é a só uma gradação negativa de amor. Logo, tome cuidado com quem você odeia. Isso consome sua capacidade de amar outra pessoa por aí.

Para ser amor precisa de um alvo.

Eu tenho alguém a quem amo.

Quem eu amo sabe que eu não sou perfeito.
Sabe  disso pelo o que eu digo, pelo o que eu mostro e
pelo que ela mesma vai percebendo com o tempo.


Amar é estranhamente ver que tudo—tudo mesmo—no mundo pode ser colocado como um bom coadjuvante dessa história com uma pessoa.

Se você ama, parece que os filmes gringos fazem algum sentido quando martelam aquela frase:  “tudo vai ficar bem”.

E é real.
Por pior que tudo possa ficar, tudo ficará bem porque ela fica ao meu lado.

E é só isso.


Quem eu amo faz questão de conhecer tudo sobre mim. É aquela pessoa que estranhamente consegue saborear alguns de seus defeitos. É como quem come a fruta mais amarga e tem a ideia para usá-la em uma sobremesa deliciosa.

Quem eu amo consegue me acalmar perante o tempo, perante a juventude, perante amigos, inimigos e até me acalma perante o dinheiro, aquele tão inimigo do amor.

Com essa calma, eu percebo que o principal na vida—que é o que você vai descobrir o que é no dia da sua morte—é essa parada mesmo. É encontrar alguém que se ame de verdade.

E olha, o amor pode ou não ser romântico. O amor pode vir em vários formatos, mas seu conteúdo não muda.

Quem eu amo apareceu em um formato muito parecido com algo que estava longe de ser amor.

Então feche os olhos. Imagine agora tendo tudo que você sempre quis e se sentir essa certeza vai ver que a única coisa que vai querer é amor na vida.

Agora imagine outra coisa. Você perdendo tudo nessa vida. Sem nada. Sem carro. Sem dinheiro. Sem casa. 
Sem nada. 


Bizarramente, vai ver que nem percebia, mas tem muita gente que comprova que com amor você ainda consegue seguir em frente.


Por que?


Porque sabe que pelo menos o mais importante na vida já tem.

Eu amo ela.  Quem é?

Olha, até para dizer quem é ela tem algo específico só pelo fato de ser amor. Amor é como um bilhete de loteria:

Quem ganha sempre sabe. E ela não é diferente. ;)

quinta-feira, 16 de fevereiro de 2012

É preciso ter habilidade


Certa vez, em uma daquelas em que nos sentimos sortudos demais, ouvi de um recém-conhecido após uma troca de figurinhas e histórias de vida:

–Cara, você tem diferentes talentos. É legal, isso, hein?

Minhas resposta—e ela em si já é o ensejo desse post perdido em um silêncio eterno por aqui—foi novamente sincera:

—Sabe um talento que eu não tenho? Fazer amizades.

É, pelo senso comum, eu não tenho habilidade para fazer amigos. Tenho ampla habilidade para conhecer pessoas, mas torná-las alguém que de fato curta o meu jeito de pensar e viver, nah. Desencana.

  • Sabe quando você pega o seu telefone e liga para qualquer brother para tomar uma cerva? Bem, eu já fui educado pela estatística empírica a parar de fazer isso.
  • Sabe quando você faz aniversário e aparece alguém que você não esperava? Eu ainda estou esperando esse dia.
  • Sabe quando você encontra alguém que não vê há tempos e a pessoa quer marcar uma—e de fato marca. Nem marco mais no meu celular.

Em suma, se você viu “Feitiço do Tempo” com o Bill Murray nos anos 80…às vezes eu me sinto aquele mala maldito que todo dia tenta vender um seguro pro cara.

O problema é que ele é mala porque quer ganhar algo. Eu, nem isso. Como escrevem por aí...#fail. E risos para companhar. rs.

O engraçado ( ou trágico) sobre tudo isso é que, com o passar dos anos, começo a pensar se eu estava errado sobre esse lance de não ter habilidade para fazer amigos.

Após um episódio comum—a mim, claro (rs)—decidi pensar essa coisa a sério. De fato, hoje mesmo, ao sair para jantar no trabalho, me vi em um replay que está nas paradas de sucesso desde os tempos de os primeiros amiguinhos serem feitos no jardim de infância.

Ou, se preferir algo mais “maduro” , algo que remete ao meu lema, muito provavelmente outra herança da minha maldita mania de ser um resmungão otimista:

“ Sou como uma dose daquelas bebidas fortes que todo mundo pede:

Não é para qualquer um engolir.”

A primeira resposta para esse dilema sobre “será que eu sei ou não fazer amigos” surgiu de um toque sábio de um colega da faculdade. Esse pelo menos foi em tom de brincadeira:

“—O André é um daqueles caras que você pergunta como ele está…e o pior é que ele fala mesmo.”

Aí reside o que eu tento ( ou talvez precise) enxergar como efeito colateral da sinceridade. Sinceridade é uma daquelas coisas que as pessoas curtem falar e postar sobre no Facebook com fotinhos de qualquer-coisa-com-efeitos-de-photoshop para dizer que praticam, adoram, admiram e tal… mas na real nunca fazem. Na real, só se sentem culpadas aos montes de não poderem falar pro mundo “meu, por favor só fale o que eu quero ouvir, vai. Se não for pra isso, por favor, pegue o próximo corredor e vá se foder, seu mala filho da puta”

Sinceridade está para as massas como um Ice Tea está para o alcoólatra. Só rola se for uma versão com o que ele gosta.

Praticar sinceridade é como quando uma moça, à fila do supermercado, compra uma revista com a nova dieta da Luciana Gimenez e a coloca orgulhosa no seu carrinho--recheado de donuts e lasanhas congeladas. É balela. Mas tudo bem. Pode ser. Todo mundo faz, então não pega nada.

Então sinceros não fazem amizades? Só as pessoas que sabem ser coquetes, que tem o dom da

“ diplomacia” ou da “negabilidade sorridente” podem ter amiguinhos?

Opa. Aí é que está o pulo do gato—ou do que você pode chamar de mala.

(Se chamou de mala, por favor: aperte a tecla “f” do seu teclado e conte até dez.

Conte quantos f`s apareceram na tela e vá se foder a mesma quantidade. Obrigado. Agora continuemos.)

A boa conduta para fazer amigos só peca por um ASPecto. Ou melhor, ASPas.

Esse tipo de comportamento pode ser amplamente aceito—é fácil fazer uma criança aceitar chocolate, não?—mas não busca realmente amigos.

E não ache que eu, por ser ao máximo sincero ( e até sobre isso sou sincero, não sou uma máquina, logo ,não sou sincero 100% o tempo todo, mas é fato que em 90% das vezes eu sou ;)) sou um “truefriend machine 2000—ligue agora e peça o seu”.

O que rola na verdade é que eu te digo que, enquanto eu tenho aniversários ou eventos com menos pessoas do que você vê no comercial da cerveja do verão, eu pelo menos posso cuspir na cara de muita gente e falar:

Os dois amigos-amigos-e-não-brothers que eu tenho são à prova de balas.

São amigos com teflon. São pra valer. São a porra do fucking Chuck Norris do seu lado. São quem coloca no chinelo qualquer porra de filminho sobre amizade do Pão de Açúcar com o Gilberto Gil falando pra você fazer "ah, é mesmo, que legal"

Logo, como comecei o texto com pessoas me falando coisas que convenhamos…só externam de uma maneira não muito sincera um “ cara, eu odeio o seu jeito”, quero terminar otimista.

Já faz um tempo em que descobri um lugar onde só essa sinceridade “de merda” vira ouro:

Na música. Nela, como em tudo que faço, eu falo como estou, como penso e como acredito nos meus sonhos. Eu falo do que deu certo, do que queria que desse certo e sim, das muitas merdas e cagadas que eu já fiz e já fizeram comigo.

E meu...é engraçado como as pessoas não te conhecem, não sabem se você gastou dez reais ou dez mil para chegar até elas, se você já é ou não famoso…mas elas, sem nenhum estudo específico, há 10.000Km de distância conseguem discernir se você é algo de verdade ou algo feito para te fazer parecer com algo que elas querem encontrar.

Sério. Pensou em fazer algo para que elas acreditem na sua música...pode parar. Para, é sério. Mesmo. MESMO! rs

É nessas horas, quando eu converso com alguém que acabou de conhecer a Bravado—e falo pra caralho com desconhecidos sobre o que eles quiserem conversar, tudo sem muitos rodeios...nessas horas eu penso:

”Diplomacia faz colegas e é isso o que todo mundo faz. Mas aqui não é terra de quem é raso ou de quem faz o que todo mundo faz. Obrigado, Deus. Obrigado! Puta que me pariu, que bom.É tetraaa! É tetraaahhh!”

Arhammm. Ok. Eu melhorei. Retomando para fechar a conta do bar, ok? ;)

O que eu acredito é que, se algum dia você pensar que é preciso habilidade para fazer amigos, coloque as palavras nos seus devidos lugares.

Para fazer contato social superficial é preciso habilidade.

Para fazer amigos, tudo que precisa é a coragem de pagar o preço de ser chutado por 99% do mundo para encontrar o 1% que vai usar os braços não para te dar tapinhas nas costas (odeio), mas te abraçar pela vida afora.