quinta-feira, 12 de novembro de 2015

SOBRE ALGUMAS CRUZADAS

"Você é isso. Você é aquilo. E também aquilo outro."
"Não, eu não te conheço, mas conheço bem o seu tipo."
"O que você tem a dizer sobre isso? (interrupção) VOCÊ NÃO VAI ME DIZER NADA, ENTENDEU? NADA!"
"Você me entende? Entendeu? Quero que você me entenda! (interrupção de novo) VOCÊ JAMAIS VAI ME ENTENDER, TÁ?"
"Você deveria apoiar essa causa. (interrupção novamente) VOCÊ NÃO PODE FALAR NADA PELA CAUSA, VOCÊ NÃO PODE, É O OPRESSOR."

Esse diálogo (monólogo) tem se repetido ao longo desses meses. E ando realmente entendendo que talvez as pessoas queiram apenas encontrar alguém que tenha a decência de receber o jorro de vômito de raiva, frustração e injustiças que elas sofreram. Doa a quem doer (em geral o cara que não tem a energia do escroto que fez tudo isso a essa ou aquela pessoa, por isso esse cara estar ouvindo-- e ao escroto a pessoa sequer consegue falar um 'você faz coisas erradas").

Uma única colocação (e ponto de vista):
Se há um movimento que mostrou que agregar e querer dialogar (sem aguentar babaquice, claro) comprovadamente funciona é o movimento da causa que antes era chamada só pelo G. É . A causa gay. Prova cabal é que até hoje há o "S" lá. É por isso que para eles eu bato palmas. Todos. Pois buscam o caminho do amor. Do diálogo. Do entendimento. Da busca por respeito e o constante convite a todos que queiram entender seu lado.

Irônico, pois é o contrário do que tenho visto em uma série de causas. Revanchismo, por definição é contra-ataque. Não é opinião. É só lógica. E tudo se perpetua nessa mola. Se a satisfação de empurrar 'um pouco pro lado deles'  (leia aqui qualquer lado opositor do que você acredita) for o suficiente pra você, ok. Mas saiba que se o "eles" é mesmo a representação do(a) babaca que você fala, é fato que esses/essas babacas voltarão com babaquices ainda mais escrotas.

Enxergar a si é importante. E enxergar o outro é necessário para não só abrir a troca para uma mudança real de paradigmas que beneficie GERAÇÕES da sua causa. Eu tenho enxergado esses revoltados e revoltadas. E tenho escutado.

Mas como ocorre em sala de aula onde um professor fala "senta, cala a boca e só anota", a forma de ensino sobre essas questões tem me colocado na posição do aluninho que é melhor sentar e calar a boca. E eu quero aprender. Não só fingir que entendo. Para isso, preciso refletir. Trocar. Conversar.
E não só ouvir "é assim ou foda-se você, entendeu?"

Enquanto você acha que está pacificando o mundo com seu dedo, mandando todos que morreram por sua causa "olharem e aprenderem lá do além", saiba que já detectei gente que esconde seu lado podre. É um povo que é reflexo dessa ação de "é isso ou foda-se". Eles não refletem, abdicaram qualquer diálogo e aprenderam rapidamente com os paladinos da justiça social qual deve ser o discurso falado no automático para serem vistos como pessoas do bem. É o lobo ganhando a pele de cordeiro do próprio cordeiro. O fim disso? Não sei. Mas temo muito pelas pessoas que sofrem o que virá no futuro próximo (10 a 15 anos).

Fora isso, vale lembrar que é ao enxergar o outro- e só assim- se torna possível se policiar para não se tornar uma nova forma daquilo que você justamente se empenha em lutar contra, ou seja "o novo opressor do pedaço". Justiça é uma coisa. Revanchismo é outra.

E lembre-se: De boas intenções, todos os ditadores de nossa história estavam (e estão) cheios.

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