quinta-feira, 3 de novembro de 2011

M&m's

Ser algo. Isso sempre me incomodou ao longo da vida. Creio que é vício daqueles que nascem com a "invejável" capacidade imaginativa. Se você pode imaginar diferentes universos, animações engraçadas a partir de um par de cones de trânsito ou até mesmo de seus próprios sapatos, o que há de atrativo nessa coisa de "ser" algo?

Você pode ser advogado. Você pode ser publicitário. Você pode ser um game-designer. E você pode ser músico. O que vai ser? hein? hein?

"Sérgio (Malandro), eu vou ficar com duas portas. O que? Não pode. Ah, vai se f*%$#. Eu vou ficar com duas portas e não me encha o saco."

Duas portas!? Isso é criticável aos olhos de um psi_____ (preencha sua especialidade aqui)?
É coisa de louco? Sei lá. Depois que o Steve Jobs morreu, percebi que a sanidade pode ser medida em moeda corrente. Loucos ricos são gênios. Loucos pobres são coitados. E os loucos que ficam no meio...bem...esses ficam no meio mesmo, no meio de todos. E é aí que são colocados para tratarem de suas características pouco rentáveis bem longe dos seus primos loucos nos extremos do gráfico.

Duas portas: Músico e publicitário.

Pô, mas meu pai me disse que é preciso ser algo mais seguro. Mamãe recomendou seguir um caminho mais comum também. Até mesmo meus amigos demonstraram que é importante esse negócio de ser algo--e mais ainda--considerar que isso de ser "algo e ponto" já tá bom demais para quem tem que pagar impostos, impostores, contas, contadores, amigos e amores. Tudo custa.

E...olhando para uma conta de TV e Internet....eu percebo que no combo vem uma lição de filosofia dolorosa e desesperançosa. Às vezes (99% delas) é melhor ser um mais ou menos do que ser um "serei".

O mais ou menos, que aqui chamarei de algo simpático como "M&m's", pode sair para beber cerveja.
O M&m passeia.
M&m's casam. Se multiplicam.
M&m's em geral compram um carro bem cedo. É item-padrão.
M&m's tem muitos amigos no aniversário. Outros M&m's, é claro.
M&m's se divertem com o que mais ou menos todo mundo se diverte.
Muitos M&m's vão mais ( ou menos) longe, viajando o mundo e postando suas pequenas glórias ao lado de monumentos distantes que só servem para decorar seus profiles de Facebook.
Ah meu Deus, consigo me lembrar de como era ter aquela casquinha...droga. Me deu pânico e eu decidi sair do pacote.

O que eu ganhei com isso? Ahn....tentar algo diferente. É, eu quis ser o "M&m" que deu um salto. Não um salto para a Europa. Nem sequer um pulinho para Buenos Aires. Olha, na verdade, não sei ao certo se pulei do pacotinho dos outros M&m's.

Enfim. Dei um salto para tentar algo muito melhor, não só em $ mas como em tempo.
Inspirado por tantos grandes contos de coragem de nossa modernidade, decidi fazer essa peripécia, apostar as fichas e lutar para ganhar o número na roleta.

Um crime aos olhos da Constituição M&m'ista.

De qualquer jeito, eu tinha apostado. Só tinha um problema: apostei em ser alguma coisa "mais ou menos". E é aí que me lasquei. M&m's não podem querer renascer como "outro tipo de M&m". A regra é clara. Está nos "fatos nutricionais". E, graças a isso, parei de lutar para ser um "M&m" de outra cor.

Agora fico recapitulando tudo, desde o momento em que comecei essa jornada de "quebra da matrix", até agora. E percebo que ando com um desafio:
Como é que se faz para prestar atenção aos dias que agora passeiam em frente à minha janela? Eles vão passando e se uniformizando de crise e, estranhamente, eu tenho passado a sentir cada vez menos interesse neles.

Hum.

Vamos criar.

Criei. Pronto. E agora?

Nada.

Criei. Pronto. Nada.

Hum. Vejamos...

Ah, o mundo deve estar como deixei antes, não é mesmo?

Não.

Como as bolsas de valores, a minha figura anda em plena desvalorização.

Assim sendo, vivo uma fase de aprendizado recluso, aquele que pescadores e mendigos conseguem dominar ao ponto do mestrado. Tenho visto o conceito de amizade e camaradagem sob uma perspectiva diferente, uma perspectiva de quem tem tempo para dizer como está e mais tempo ainda em perceber os motivos pelos quais cada vez menos pessoas têm se preocupado em ouvir.

Aos poucos, vou me transformando de M&m em M&h. É isso aí. Começo a virar um mobiliário-humano. Uma espécie de profile fantasma na internet, que vai arrastando correntes de convites e conversas mal-assombradas, pois aquele que está do outro lado nem precisa te perguntar como você está. Ele sabe que você não anda lá muito bem, logo é melhor para ele nem perguntar.

Vai que você precise de ajuda, não é mesmo?

Não sou santo. E é graças a isso que me dou ao direito e marcar uma a uma, essas pequenas doninhas que vivem nessa toca de concreto. O que poucos sabem é que, eu , homem-cadeira, só me mantenho inteiro graças a um núcleo de pessoas muito, mas MUITO valiosas. Pessoas que mostram a cada dia como sou sortudo. Sortudo e burro. Minha penitência é me ver burro por confiar em diferentes "amigos", "camaradas", "colegas" e afins.


É, já estive nessa situação antes. Mas agora algo muda na minha "filosofia mendiga". Algo perigosamente sutil quebrou aqui dentro. Resumo? Ok, não posso pedir que você leia por mais tempo o texto de um móvel-humano. Então segue:


"Que Deus me perdoe. Mas eu não perdoo mais esse tipo de gente. Ok, uma hora faço as pazes com os meus amiguinhos M&m. Mas só pelo hábito mesmo. Perdão, daquele que a gente sabe que tem que dar para quem nem faz ideia de que precisa....hum...esse não. '


Toda essa fase de mobiliário humano me fez sacar uma coisa muito simples:
O homem não é mesmo uma ilha. É uma porra de um predador. E isso vai muito além da agressão física. Da agressão verbal. Creio que hoje conheço pessoas que já conseguem ser capazes de praticar diariamente a agressão social. Pessoas que são uma lição para a natureza redefinir a palavra "predador".
Assim sendo, aconselho a você, ser humano-de-verdade:
Tome cuidado com os M&m's. Dos seus males, o açúcar é o menor.

terça-feira, 26 de julho de 2011

E foi!

COMO FOI
Vale dizer que ele foi promissor desde o primeiro momento.
Sabe, ele foi filho de um lamento.
Já foi do santo.
Já foi herege.
E foi capaz de ser os dois.
Religião de muitos e, sem vergonha nenhuma, ao mesmo tempo foi ateu.

Foi bem comportado, para seus padrões.
Mas depois foi ficando louco. Foi cabeludo. Foi careca.
E foi foda..ele foi até algo que ninguém sabe se é homem ou mulher.

Já foi para rebeldes.
E, quando necessário, foi quem chamou a responsabilidade para si.

Foi orgânico, todo natureba.
Foi experimental.
Foi elétrico, aí foi acompanhando os tempos e se meteu a ser eletrônico.
Foi glamouroso. Já foi simples. Já foi virtuoso! Bravo!
E...sei lá, não é que foi desleixado? Mesmo assim, fique tranquilo. Ele foi bem.
Foi da época dos clássicos, ah se foi. Mas olha...foi divulgado que ele promete voltar inovador. Sempre prometem isso.

Como ele já foi moda, foi brega e foi moda de novo, ele foi ficando meio independente com relação a essas coisas.
Foi inevitável perceber que ele foi muitas vezes o que dita o momento.

Talvez por isso dizem que foi dado como atemporal.

Foi regional. E ele mostra que foi para o mundo todo.
Foi drogado. Foi a salvação de muita gente. Ele foi dono de muitos sobrenomes. Foi infantil, foi bandido e também foi merecedor de hinos.

Ok.
É, ele já foi xingado de muitas coisas. também.
E tudo bem. Foi ele quem xingou muita coisa de volta. E foi bem feito !

Ele foi de trem até a garagem matutou em muitas delas. Aí à noite foi mostrar que é dono de arenas modernas. Mas o mais esquisito é que, depois de tudo isso, ele foi...no bolso mesmo.

Ele já foi progressivo.E voltou retrô. Foi vendido. Foram comprá-lo de volta.

Às vezes ele foi só uma fase. Ou foi o que transformou tudo que não é ele em uma esquecida.

Não importa o que ele já foi.

Ele é uma atitude.

Daquelas que ninguém sabe muito bem como foi.
Mas é sempre bom encontrarmos em nós.

Dia 13 de junho foi o dia dele. Dia mundial de 1,2,3,4! E lá foi ele de novo!

ROCK'N'ROLL BABY : )

quarta-feira, 15 de junho de 2011

Lona

É uma pena mesmo. Mas 2011 vai ganhar o primeiro texto com uma dose cavalar daquela nuvem de pensamentos negros. Aqueles, que nas tirinha de humor muitas vezes não são balõezinhos com texto, mas só uma nuvem negra.

Achei que 2010 era um ano maldito. Comecei este pensando em seguir subindo. Abrir um negócio. Ganhar um dinheirinho, ter mais tempo para escrever, cantar, seguir com as artes, uma dádiva-maldição que me acompanha.

Por favor, não me chame de herege. Só de realista. Sempre gostei da ideia de não me conformar em me resumir a ser apenas uma coisa, um especialista- da - especialidade- da- área- específica. Mas é fato que, quando a gente fecha um texto, dá stop em uma música ou sai do cinema, uma verdade absoluta bate à nossa porta: Quanto de dinheiro ganhamos?

Há muito pouco tempo eu preguei uma ideia que eu sei que ainda está fermentando dentro de mim: Qual o papel do dinheiro em nossas vidas? Não o monetário ou óbvio, mas o sentido filosófico?

O dinheiro existe pra quê? Creio que é para nos auxiliar a vivermos plenamente. Não somos faraós, que acreditavam levar seus bens, animais, entes queridos e serviçais para o além. Então é bom ganhar algum para viver. Viver para ganhar algum não faz muito sentido.

Só tem um problema. Creio cada vez mais que a vida anda perdendo o sentido. Não viver para ganhar dinheiro para poder (sobre)viver é mais ou menos como ter um carro que não larga, sob meu humilde ponto de vista.

A vida é bela. Mas é difícil pra cacete. Esse é sentido, claro. Vidas fáceis tendem a terminar mais rápido. Pergunte ao mendigo que dorme nas ruas nessas noites frias de cinco ou seis graus. Ele vai te dizer que com quase nada está já com cinquenta e poucos, quando muitos já empacotaram aos quarenta, muito quentinhos e bem vestidos para ir para o além, de terno e gravata.

Caro(a) leitor(a), entenda que hoje não estou com o menor compromisso em criar um texto sarcástico. Nem sequer qualquer coisa que valha um "post legal". Tô falando da parada crua e nua.

Já estive "por cima". Em muitos departamentos. Mas não é que eu tenho a maldita natureza de querer expandir sem fim? E, para melhorar, não falo no quesito "grana". Não. Eu abro ( e como abri) mão de ganhar essa maldição de papel e metal para expandir meus horizontes, minha liberdade.


Bem, agora eu sou bem livre. Livre de tudo e todos. Livre da minha banda. Livre de alguns malditos ex-colegas de trabalho. Mas, acima de tudo, livre de ter a liberdade de pagar as contas.

Dinheiro. Ele é a razão de muitas coisas. E, mais do que infelizmente, cada vez mais eu o vejo como o fim da conta dessa fucking life.

O dinheiro compra coisas demais. Algumas são reais e efêmeras, como roupas, um dvd ou livro. Mas as que mais me incomodam são as coisas "invisíveis" que ele compra.

Perante meu próprio tribunal-MBA em filosofia de vida, admito que sou muito burro. Um interesseiro é o ser humano mais competente para se fingir meu amigo. Sempre me cerquei desse tipo de ser minúsculo de existência e sempre me ressenti de percebê-los apenas quando já não sou mais alvo de seu interesse.

Tenho amigos. Mas amigo, amigo, daquele que merece que você se mate para ajudá-lo, só dois. L.F. e L.L., vocês sabem quem são.

O resto? Sob meu ponto de vista "prático", começo a pensar de maneira maniqueísta. Vejo que todos só ajudam aqueles que não precisam de ajuda, como quem investe em uma empresa que já anda em alta sob o pretexto de "quero acreditar no futuro". Sim. Futuro. O dele.

Vou sair dessa. Mas antes de mais nada, é preciso ter em mente que essa nuvem de pensamentos negros precisam virar ensinamentos translúcidos de tão claros.

Nessa vida, meus caros, conte com UMA pessoa. Você mesmo.

O resto? Faça politicagem, boa-vizinhança, simpatia, chame do que quiser. Mas vá levando sem pôr muita fé. Mesmo quando eles derem cambalhotas para "mostrar que pode por fé, eu tô aí pro que der e vier".

Mas não sejamos injustos. Dá para esperar uma coisa das pessoas com certeza. Elas vão ter dar muito. Muito espaço e distância quando você estiver na pior.

Eu estou na pior. E, aproveitando o espaço que me deram, vou ver se anoto no chão os nomes e atos dos meus "queridos amigos". Claro que os que ganham letras garrafais são os que conseguiram ajuda real da minha parte e hoje dão o lema da vida moderna: "Veja bem, é que...".

Lona. É onde estou agora. Espero poder usar a perspectiva para ganhar uma visão mais estreita do que quero nessa p$#%% de vida.

E , se der tempo--melhor--se der dinheiro, dou vazão àquela coisa tão descrente por redatores, filósofos e cientistas: A realização da minha alma.

Até lá, o cardápio por aqui vai ser de textos com vitamina, ou seja, com CASCA.

Favor cuspir o caroço longe do teclado. ; J