quarta-feira, 26 de dezembro de 2007

Como se despedir.

Todo mundo sabe a importância de ser educado. Para isso, é preciso uma boa dose de cortesia, algum conhecimento prático e talvez um bocado de eufemismos. Mas é fato também que passamos boa parte da juventude preocupados com os inícios. Tudo na vida jovem é início e aos poucos precisamos encarar que o "oi" é super-valorizado perto do "tchau" "até logo " e o "adeus".

Eu me considero jovem demais para dar "adeus" para algumas coisas, mas como recentemente entrei nos 27 anos, eu começo a admitir que inegavelmente todos temos uma capacidade para os "adeus".

O "adeus" é dolorido porque todos gostamos de ter controle sobre as coisas. Pessoas expansivas como eu são desligadas, mas sempre estão "pairando" com sua atenção sobre muitos lugares e pessoas. Quando uma porta bate, não nos preocupamos, porque toda ação tem uma reação, e quanto mais forte algo se fecha, mais rápido há de se abrir. Dói demais ver uma porta fechada, seja ela no campo emotivo ou no profissional. Graças ao bom Deus, poucas portas familiares me foram fechadas até agora, e acho que há um senso de justiça nisso, dada minha relativa inépcia em me desligar por completo daqueles que me fazem mal. Mesmo que eu patrocine o combustível daquilo que me faz mal.

O ano chega ao fim, e eu sempre analiso aquilo que veio, que cresceu e aquilo que se vai. Não sei porque, penso em uma sina engraçada, onde o ano novo chega e não me vejo assentado. Se assentar é paz, é tranquilidade e estabilidade, mas é um "adeus" para uma série de possibilidades. Aves em um ninho podem ter segurança eterna, mas só Deus sabe como deve ser complicado enferrujar as asas e não poder sair de seu abrigo, mesmo se uma fagulha lançada pelo vento atear fogo na tão amada morada.

Não entendo de religião, mas dou um chute semi-calculado de que o budismo fala algo sobre o desprendimento. A ficcção de George Lucas brinca com isso ao criar os licensiados Jedi. É preciso se desprender das coisas para que elas sigam seu rumo natural. E isso significa tomar o seu próprio rumo natural. Assim sendo, acho que o "Adeus" pode ser uma força poderosa em nossa vida, mas ela demora para ser aperfeiçoada até ser usada com sinceridade.

Gente, "Adeus" é deixar alguém seguir pela luz divina. É permitir que todos os dados sejam rolados para ela daquele ponto em diante e não torcer nem a favor ou contra. A analogia que faço encontra êxito no futebol: quem abandona o futebol não sabe mais quem joga. Não sabe quem está ganhando. Não acompanha tabela. E não chora nem comemora em excesso com os resultados que lhe chegam aos ouvidos.

Preciso aprender isso. 2008 é um ano par. Tem quem diga que são mais tranquilos, acho que pela exatidão do par em si, que não pede nada para se equilibrar. Muito se pediu de mim em 2007 e eu aceitei ( não de bom grado) oferecer o que me apareceu. Engraçado é que tive de dar até mesmo os tais "Adeus", para uma boa parte de amigos e amores. Não sou bom nisso, nesse negócio de entregar os pontos. Sou ótimo em aceitar uma derrota com xingamentos e promessas de revanche, mas não sei como entregar os livros e fechar a banca para falência.

Assim sendo, gostaria de inverter o pensamento que todos têm sobre o ano novo. Todos são especialistas nos "ois" e introduções. O ano novo é a festa da renovação, mas eu digo que minha reflexão à beira da praia é que não existe muito espaço em nossa linha de existência. É preciso "descongestionar" a mente. O corpo. O coração. Só assim temos como receber com luxo e presteza o futuro que nos traz coisas boas e nos tornamos capazes de segurar aquilo que nos interessa.

Por isso mesmo, recomendo a você, leitor(a), que treine e pratique um pouco o "adeus". Dê "adeus" para o futuro de cabelos desbotados que não o interessa. E isso significa abandonar até mesmo aquilo ou aqueles que o abandonaram. Corte o fio de energia mental que o prende a essas coisas. Porque este tipo de energia emite uma fumaça de frustração muito ardilosa.

Antes de abraçar à luz dos fogos, abra os braços à sombra das águas que levam. Deixe isso acontecer. Escolha, embrulhe e coloque pensamentos e relações variadas para navegarem. Deixem elas chegarem a outros portos, como novidades para o ano novo alheio. Só assim você entra no rodízio e alguém te manda oportunidades e histórias novas, como bons livros que têm o privilégio de conhecer mais de um par de olhos ávidos.

Faça isso. Caso contrário, as águas da mudança param, os fogos da novidade chegam, evaporam o que deveria levar o que entulha sua mente e , invariavelmente, essa lama de "paturo" ou "fassado" vai manchar até a mais alva das roupas de reveillon.

Feliz ano novo.

segunda-feira, 17 de dezembro de 2007

Festa

" Seu nascimento é motivo de comemoração. Por isso mesmo, te dou este jogo do mico. Olha, já fica para aniversário e natal--assim disse a madrinha. Os pais acompanharam a onda, e muito se lutou para tentar mostrar que se veio a terra não por bônus natalino. O tempo passa e ele guarda na memória a única festa de aniversário que teve na infância. Seis anos. E nunca mais. Aos dezoito tentou retomar a tradição. Poucos comparecem, um punhado. Um escândalo montado pelas primeiras intrigas sociais na vida de todos aqueles acabam com sua tentativa de existir no dia de seu nascimento. O primeiro porre de dar dó toma o lugar. Dois amigos o carregam. O estorvo fica bem retratado. A teimosia toma conta, o cenário foi modificado, uma cidade com muitos para serem convidados. Já não conta mais com a amizade, mas com a estatística. Alguém aparecerá. A pequena ambição de meia dúzia de convidados é compatível com o que ele pode pedir. Sem presentes. Sem ligações. Ele se engana. Júpiter não deve ser um bom planeta para seu signo--ele sofre um embaraço por nascer. Novamente. Quase duas horas sozinho na mesa. O garçom e o proprietário do restaurante perguntam se realmente ele chamou alguém. O sentimento já antigo e familiar em todos os seus espinhos toma conta do peito. Chorar não é mais opção para homem feito. Ou desfeito, quem saberá. Poucos e fiéis amizades aparecem, mescladas com mais dois ou três coitados que não sabiam ainda da chaga de suas festas de aniversário que são tudo, menos festas. O ano que vem será mais difícil. "Eles já perceberam como é". Sequer quis lembrar na época que tentava em outra data, achando que seu natalício era amaldiçoado pelo número 21. Pena, mas valeu a tentativa. Chega outro ano. Ele já tem orgulhos e mágoas de presentes passados. Um fantasma o assola. Pensou tenramente na idéia de admitir solitude e aproveitá-la em grande estilo, provavelmente em uma suíte de hotel, acompanhado de vinho, comida de primeira e uma mulher de aparência e preços tão proibitivos quanto o resto da conta. Pena. O mundo ainda não arranhou o suficiente a sua moral para levar o plano adiante. Ri. Foi convencido pelos outros a até mesmo ele negar seu próprio dia de felicidade. Esperemos.
Com sorte pingarão moedas de cumprimentos. Dói quando os primeiros a ligar são inimigos. Eles ligam. Talvez seja o espírito combativo. Isto afasta convidados. Mas pelo menos seleciona mais as pessoas. Até demais, será? São poucos dias. Poucas pessoas. Quem sabe, só mais alguns poucos anos pela frente?"

quinta-feira, 13 de dezembro de 2007

Quanto custa ter um nome

Há pouco tempo me mudei. Assim sendo, tive de me embrenhar por horas dentro de um cartório, matando as saudades que nunca tive do pagamento de taxas para conseguir veracidade sobre aquilo que os homens dizem no papel.

É curioso pensarmos que no cartório a palavra ainda vale alguma coisa. Ninguém se leva mais a sério (eu me incluo), mas a sociedade sempre teve mecanismos para fazer valer a palavra de alguém. Antes era o sobrenome. Depois tivemos uma semi-democratização, onde as pessoas podiam fazer valer sua palavra pela igreja. Os dois foram assassinados com nicknames de web e programas dominicais, sobrando o cartório. Assim sendo, o cartório é o lugar onde você pode pagar tudo. Do aluguel ao casamento. De certidões de óbito ao primeiro bem que você adquire, o seu nome.

Para muitos, carregar o seu nome pode ser nada mais do que abrigar seu RG na carteira do bolso traseiro, mas nossa designação neste mundo pode pesar muito até mesmo para calças de cifras proibitivas.

Nosso nome é como a água da vida social, vital para nossa subsistência. Sem ele nos tornamos um homo sapiens sem tacape, e é nisso que eu acredito. Só que um nome sem história também vale tanto quanto uma placa de trânsito ao contrário, ou dinheiro que não está mais vigente.

O nome é só o arcabolso que vai abrigar tudo que conseguirmos colocar dentro dele. Demora muito conseguir algo que preste, mais ainda retirar o que não ajuda a manter o brilho dele.

Ando pensando nisso constantemente. Não pelos outros, não por filosofia, mas porque é minha responsabilidade escrever com atos e palavras e minha biografia. Muitas vezes nos emocionamos ao ver um capítulo crítico de novela, porque isso é intimamente relacionado com a nossa própria vida. É preciso ter estômago para guinar sua história de vida. Isto acontece porque de forma harmoniosa, quando nos ferramos, principalmente no ambiente de trabalho, alguém se dá bem. E ninguém vai apoiá-lo a sacudir a poeira e esticar as rédeas, existentes nos modelos de 1, 2, 5, 10, 20, 50 e, raramente 100 reais.

Quem me conhece sabe que as grades, no sentido amplo da palavra, não me caem bem. Sou capaz de arrancar um braço para seguir meu caminho por livre opção, o que é um traço pouco admirável àqueles que adoram a idéia de um ser dependente. Minha resposta está dentro do que todos que não nos querem dizem: ninguém é insubstituível. É, ninguém é, porque só é insubstituível quando alguém realmente se importa e se congratula por ter cruzado o seu caminho.

É hora de pensar profundamente na sua vida. Com certeza existem opções pouco louváveis no início, mas é verdade que muitos atos de grandeza só foram possíveis porque foram praticados por gente capaz de descer dois degraus e se sujar na lama das opções que envolvem riscos, uma lama gelada que afasta os mais desprovidos de proteção espiritual.

A mudança me cutuca. E pode ser que ela venha para o bem, mesmo que me despeje problemas por um tempo. Analisando friamente, pode ser uma boa saída, uma economia para não perder os prováveis 50 reais que alguém um dia pagou para eu carregar letrinhas no campo principal do meu RG.

terça-feira, 27 de novembro de 2007

Existe VIDA em São Paulo

Já escrevi muitas linhas tentando decifrar a cidade de São Paulo. Em geral, como as pessoas me dizem, escrevo textos pessimistas, mas a verdade é que só descrevo como esta zona de asfalto e concreto afeta os que aqui vivem. Acho que , por contrariedade divina, tenho de dar o meu braço a torcer e contar algo muito diferente do egoísmo e individualismo paulistano.

Me mudei recentemente, agora me acostumando com a idéia de ter um canto todinho meu. Que coisa mais sertaneja, gente. Mas Sérgio Reis tem lá sua sabedoria. Não tenho uma rede preguiçosa para deitar, mas já convivo com a sinfonia dos pardais pela manhã. É uma nova casa, uma nova fase e, pelo jeito, novas lições que eu já havia rezado demais para que viessem a mim.

Logo que me mudei--minto--antes mesmo disso, conheci uma figura chamada Dona Idel. Uma senhora que beira lá os seus 40 anos, com uma horda de crianças à sua volta--todos seus filhos--Dona Idel é uma pessoa de fala simples e prática. Acho que em outros tempos dona Idel deva ter conquistado o papo de homens em outros assuntos que não questões imobiliárias e condominiais. O batom vermelho gritante tenta indiciar isso. Eu a conheci como um novo condômino, já ressabiado ( e calejado) pelo pé no saco que vira regra para todos que trabalham como pessoal do condomínio.

Mas pelo jeito eu estava errado. Logo no começo, ao começar minha mudança, uma encomenda foi entregue fora do horário previsto e, para minha surpresa, tudo deu certo. A amiga que se comprometeu a receber--coitada--também não foi avisada pela empresa que realizaria a entrega. E assim uma cama ( dívida de 2 meses) foi largada a sua própria sorte. Mas Dona Idel estava lá. Ela, sem motivo algum , recebeu a encomenda, abriu meu apartamento ( eu já estava ciente de que ela tinha minhas chaves, resquício ainda da época em que o apê estava vago e ela abria para visitação) e a cama foi posta no quarto. Instalada.

Dois dias depois o meu carreto realiza o malabarismo de levar o fogão e geladeira, abandonados em exílio por um ano e pouco. Dias depois converso com Dona Idel, agora como condômino. Muito por telefone, eu a avisava sobre possíveis entregas, e ela se demonstrou muito solícita. Já ciente da regra paulistana, imaginei quanto aquilo iria me custar. Normal. A gente espera isso de gente cinza.

Comecei a coçar minha cabeça, pois na sequência minha máquina de lavar chegou. Outra prova, outra entrega. E Dona Idel aparece para salvar o dia. Além de receber a máquina, manda o homem tirá-la da embalagem e instalá-la, para pronto funcionamento. Gente, nada disso estava combinado. A mulher me fez isso de bom-grado.

Não sei vocês, mas ali comecei a desconfiar. Minha patota e eu tentamos achar uma saída irreverente, teorizando que talvez esta seja a fofoqueira de plantão, mas o que se percebeu é que esta heroína dona de um time de basquete de filhos é uma pessoa diferente do resto da cidade.

E a cidade continuava a provar por "a+b" que isto era uma verdade. Não era feriado nacional. Não era época de pagamento de pecados. Não. Era só a Dona Idel fazendo o que ela faz.

Perguntei ao corretor se ela era algum tipo de empregado do prédio, que não passa dos 5 andares. A resposta foi " ela só é zeladora". Achei curioso, porque meu prédio não possui guarita ou portão automático. Ela é condômina e zeladora. Estranho. Mas um estranho bom.

O capítulo final é que deixa qualquer um ( com um mínimo de coração) embasbacado. Cheguei ontem em casa cansado, ainda descrente da imensidão de coisinhas para resolver. Sem chuveiro. Sem ferro/ tábua de passar roupa. Sem bujão de gás.

Entrei ainda pensando na vida, quando vejo uma outra encomenda recebida por Dona Idel. Não acreditei. A mulher era muito gente boa! Mas não. Eu tinha que ficar quieto. Vou até a cozinha e percebo que algo estava diferente. Demorei a perceber, mas então saquei. A mulher empacotou meu lixo. A troco de quê?

Já mais do que convencido de que tinha um anjo cuidando de mim, discreto e quase que maternal, fiquei abismado ao ver que tinha um chuveiro ( e um cano, que não tinha) instalado no meu box. Isto não é Twightlight Zone gente. É vida real. Aquela senhora mandou alguém instalar um chuveiro. Que chuveiro? Eu não tinha COMPRADO sequer um.

Este tipo de coisa não tem preço. Não existe em 98% dos lugares em São Paulo. E vai de encontro a tudo que eu já concluí nesta cidade. Lamento dizer, mas muitos de meus amigos paulistanos que podem por ventura ler este post...não fariam nem 1/40 do que esta mulher fez.

Eu não sei ainda o que é. Mas acho que talvez isto seja uma burrice moral minha. Uma cegueira branca, como a de Saramago. Porque, até mesmo pessimisticamente, esta história não tem outro motivo senão BONDADE.

Bondade.

Por isso hoje eu me dei ao direito de descrever um caso da vida real, sem grandes reflexões. Porque a reflexão não deve recair sobre a história que este personagem da vida de verdade proporcionou, mas sim sobre as histórias parecidas que eu e todo mundo deveríamos protagonizar.

Think about it.

quinta-feira, 22 de novembro de 2007

Café pequeno

"Aonde você estará aqui a cinco anos". Esta é uma das frases adoradas pelas araras imbecilizadas do RH.

Todo mundo tem que se imaginar poderoso. Claro. É a era de milhões de "Césares". Queria saber quem é que vai ser soldado. Todo mundo sabe que a maioria é peão, mas o complicado é negar a situação atual que cada um vive. Não tem problema nenhum você começar pequeno. Menos ainda se você permanecer assim por mais algum tempo. Complicado é você chegar aos 70 e continuar negando que é zé. Para deixar de ser zé, é preciso admitir que se é zé.

Oi gente, eu sou Andr...zé.

Quando comecei a história de publicidade me imaginei com facilidade para ganhar dinheiro. Acho que, com as idéias que eu tinha, não seria difícil mesmo. Mas o problema é que para chegar ao ponto de poder mostrar e aprovar uma idéia, você tem que afogar muitas partes de seu gênio criativo. Você aprende que existe uma diferença entre o ótimo , o aceitável e o aprovável.

O último tipo é que mata qualquer idéia. Você aprende porque o arroz e feijão é o prato da massa. O óbvio é o seguro, e quando você trabalha em uma agência pequena, isso é o que manda. Depois de ousar e perder este tempo para retrabalhar até as altas, você inconscientemente cria um "cala a boca" para você mesmo, à procura de algo que entregue o pedido e não te encha o saco amanhã.

Cruzei recentemente com um ex-colega da primeira agência de publicidade em que criei, uma daquela "júniors". Todos já me alardearam que ele anda muito bem, recebendo miséria mas trabalhando em uma graaande agência.

A matemática é feita na hora: Eu escolhi ganhar algum $ ( algum, não muito, tanto que não tenho independência financeira) e ele, o ego. É como ser um mendigo, trabalhando como roadie do Mick Jagger, enquanto outro é gerente da barraca de cachorro-quente.

No final, tudo se resume a como cada um decidiu dar importância para o que se vê.

Ser "café pequeno" não é problema só na publicidade. Quem não prestou jornalismo e já saiu se imaginando cobrindo o último escândalo em Brasília, ou prestou Direito e se imaginou juiz do tribunal de justiça....até os nutricionistas e botânicos devem se imaginar longe quando começam.

Mas ninguém lembra que vivemos a era da concorrência, onde até para cagar tem alguém que faz isso com menos esforço e gasta menos papel e água na descarga. Todo mundo ganha mal, o mundo anuncia cada vez mais opções de gastos, e eu sei lá onde isso acaba. Alguns se matarão no caminho, outros vão viver no meio disso e outros simplesmente decidem tirar a gravata, acender um baseado e vender côco na praia. Escolha o seu rumo com coragem, não com um Ecosport na garagem.

Alguns já me ouviram falar de algo que achei fascinante: "você quer o que para sua vida? ser rabo de baleia ou cabeça de sardinha?"

Eu escolhi a sardinha. Gosto de ter relêvância no rumo da carruagem. Gosto mesmo. Prefiro acertar um gol de trivela ( ou no mínimo ter a chance para tal) na segunda divisão do que ser o "esquenta banco" da seleção brasileira. Tem gente que se satisfaz, trocando o pinto ou os seios pelo nome do lugar onde trabalha, e não compreende que isso só alcança um valor real quando existe de fato.

Quem trabalha de forma plena em um lugar grande está nele. O resto, amigão...é como fã do KLB no alambrado. Dorme na rua, em frente ao hotel. E se der sorte ( ou algo mais), consegue falar com o bam bam bam. Vejo grandes publicitários reagindo contra a "idolatração" ou "mitificação" dos grandes nomes da publicidade, mas é fato que algo ele terá de ganhar depois de anos dormindo mal. E eu não estou falando de três ex-esposas, 4 filhos desconhecidos e uma úlcera. O ego é uma pomada milagrosa para essa gente sofrida.

Tento me manter com a minha "egozite" sob controle. Até mesmo porque preciso admitir que sou zé. Sim, eu sou zé. Ainda. Não vou conquistar o mundo, é uma pena. Por isso eu ainda jogo War ( xingando) e começo a traçar coisas mais factíveis. Talvez consiga avançar e fazer o lugar onde trabalho crescer, criar um César e esperar alguma recompensa. Talvez eu simplesmente resuma a equação da vida a "quanto se ganha" e congele de vez alguns valores que fazem alguns de meu círculo rirem por dentro, até que a idade e a distância de riqueza os permita rir largamente com um copo de uísque.

Este texto foi só uma olhada para fora da canoa. Eu sei que muitos estão na mesma que eu. Sei que alguns decidiram ir para o "rabo de baleia", ganhando um crachá número 34560-B e batalhando para que algo aconteça e ele ganhe uma baia com mais 10 centímetros de espaço.

Vários "zés" e "mariazinhas" no rio. Vamos cantar um hino alegre e pedir a favorita, exclusiva de quem não conquista nem a Dudinka:

"Um cafézinho curto, sem açúcar, por favor"

Pagar no caixa, obrigado.

terça-feira, 20 de novembro de 2007

Quer um amor? É com ou sem molho, não tem jeito.

Feriado. O feriado isolado, aquele que fez meu chefe achar que pode me fazer me sentir mal por ser um dia inútil. Ok, eu amo a agência onde trabalho, isso é fato, mas hoje é dia da consciência negra. Na rotina da agência, beiramos à inconsciência generalizada e cores em geral se resumem a um assunto de relevância zero para redatores. Ô gente, vamos pensar.

Mas o texto de hoje nasceu a partir de uma prática comum ( e indiscreta) da minha parte. Gosto de ver como o amor se manifesta nas outras pessoas, é uma curiosidade, até mesmo uma forma de relativizar as minhas banalidades ou extravagâncias no assunto.

Eis que desta vez não consegui perdoar. Encontrei em um orkut-tabela "amigo da amiga do amigo da amiga" uma pérola.

E então fiquei muito tentado a deixar o Ph de minha língua cair e deixar meu parecer. Um cara extremamente bem aparentado, claro. Daí que vem o título do texto, porque sei lá, acho que a minha espécie ( homem) é um pouco pobre mesmo de versatilidade. Eu me incluo. É difícil encontrarmos um equilíbrio entre o cérebro e o corpo. Talvez haja uma teoria de que abdominais sarados sejam em parte desenvolvidos com massa cinzenta, trazendo um dilema terrível à tona. Assim sendo, deixo o testimonial do rapaz ( que não irei identificar aqui) para averiguação. Pensem meninas! Pensem. Um dia os cabelos ( e não só eles, que lixo) caem, e até o crocodilo dundee perde seu abdominal sarado. Reflito no meu caso com relação às mulheres ( meu prato único e favorito nesta história toda).
É aplicável...

Dou ao testimonial o título de " amor, goze em silêncio, por favor"...

"R.: Minha Namorada. Minha Amiga. Meu Colo. Minha Força. Minha Metade. Meu SONHO !Meu Amor , desde quando nos conhecemos de pouquinho em pouquinho sua pessoa foi me conquistando e acabou Tomando por inteiro o que eu achava que nunca mais ia acontecer .. Ter tamanho carinho por Vc dentro do meu Coraçao ! Hoje posso dizer que alem da força que vc me da o Carinho , cuidado , respeito , Amor e a certeza , Mostra o quanto é possivel Te amar .. TE AMAR DEMAIS ! Ma ... nunca quero ficar sem Vc ...quero passar todos os momentos da minha vida com vc e se nao estiver ...Garanto que no meu pensamento vc estara ..nos tristes , Felizes ..Difíceis quais quer que seja ..isso por que eu REALMENTE TE AMO !!! Tomo todo o cuidado para te fazer feliz .. espero que estas poucas palavras Tirem de vc o mais belo sorrizo e sentimento de Carinho .. MA ..EU TE AMO !!! Vc toma conta do meu Coraçao ..sou Apaixonado dia apos dia ! Um Grande Beijo ... Minha Maravilhosa ..meu maior presente .. MEP MEP ! MIMIMI ! Hu !"

segunda-feira, 19 de novembro de 2007

Hercúleos esforços em prol do nada

Ao encontrarmos amigos a grande pergunta é "o que tem feito", e ela é nada mais do que uma atualização da jornada daqueles que gostamos. É um instinto. Mesmo feita por inimigos, a pergunta reverbera por toda nossa agenda, nossos compromissos e projetos aos quais damos ou não importância. Todo mundo adora perguntar um "e aí" e isso é inegável. A primeira novela nasceu de uma amizade próxima, e a cumplicidade pode trazer episódios mais emocionantes do que os capítulos finais da novela das oito.

Até aí tudo bem, mas eu não sei porque cargas d´água me cobro com relação a isso. A conclusão de projetos é algo muito menos atraente aos olhos dos outros do que o anúncio de um novo, mas isto só acontece quando pegamos fama por ser uma pessoa que faz acontecer. A fama é o de menos, pouco me importo com isso, até mesmo porque já carreguei esta pedra nos mais diferentes formatos e pesos, da mais otimista até a ofensiva. Fama é algo que te dão e ponto. Mas a sua auto-imagem, ou melhor, a minha, é coisa séria.

Quantas noites ou crises azia tenho pelos meus projetos. O relógio é um cão infiel com doze números e a verdade é que quase nada é passível de realização sem o apoio de alguém. Mesmo que seja para levantar uma bandeirinha ou acenar levemente com a cabeça. Precisamos do apoio dos outros, e convenhamos que novela alheia não é pauta de suma importância para qualquer telespectador. Então eu passo a quebrar a cabeça em como fazer acontecer aquilo que persigo. Sozinho. Não é drama, só o "Sampa way of life". Uma multidão de problemas engarrafada em ruas e apinhando estações de trem. Nada mais justo, dada a solução financeira que a cidade oferece.

Mas ultimamente andei pensando em frases que meu pai anota desde os 20 anos. Ele é um leitor daqueles desinteressadamente cultos, uma daquelas pessoas que nos cativam pela naturalidade do conhecimento que é adquirido pelo tesão próprio. Nunca foi a festas cult ou fez considerações em congressos, e discursa relutantemente uma vez ao ano na sua comunidade cívica.

As máximas anotadas em um caderno são um grande manual sobre a boa vida, frases curtas e grossas--mas profundas--que colocam em cheque trezentas vezes minhas reflexões deste blog. Talvez um dia ele me empreste o caderninho de folhas amareladas aí sim me dando por feliz.

A frase que bate com este texto é a seguinte: " O silêncio é a qualidade da palavra" ou algo assim.

Sou um tagarela nato, então imaginem o impacto atômico que isso causou na minha maneira de ser. Mas depois de discutir com meu pai ele me explicou que a frase vai mais além, até mesmo do ato de falar. Disse que é preciso um esforço dobrado para apenas "ficar" e esperar o que é seu por direito vir até você. Imaginem se o condutor da balsa ou o capitão de um navio não soubesse o que é isso, sempre acelerando com os motores. Na hora de aportar, um desastre seria inevitável. Eu começo a entender que o ato de "recolher os remos" e confiar no que foi feito é coisa tão valiosa quanto as remadas fortes que damos em direção ao que desejamos.

Desejo muito para a minha vida. Sou um filho da puta para muitos por isso, dada uma série de ambições que muitos fracos de caráter consideram proibitiva. Não tenho a menor vergonha de dizer que me sinto preparado para um dia ser milionário. Que pretendo casar com alguém digna de livros e admiradores post mortem. Que talvez seja um baita artista cantando minhas composições, mandando à merda muita coisa que todos tem medo de sequer deixar encostar a palavra. Ambições patéticas? Me formar uma vez já foi parte da lista. Conquistar um novo vestibular também. Até mesmo cantar, aos meus 16 anos, era motivo de piada para muita gente. Acho que todo mundo tem que se dar ao direito de perseguir coisas decentes. Mas como perseguir isso da melhor maneira?

Uma amiga minha, compatível com o modo operante esdrúxulo que mantenho em minha vida, me disse uma daquelas obviedades que ganham sabedoria por serem imbuídas de uma sinceridade obscena:

"Para ganhar não tem jeito. É preciso perder, sempre"

E aí você pensa: "dã". "Dã" é o caralho. Quantas vezes eu não me peguei puto por ter de entregar algo para conquistar a mesma meia dúzia "mais" alguns gramas de realização? É de fuder. A gente sempre pensa nos ganhos de forma exponencial, enquanto pensa em frações na hora de entregar. Seja na vida profissional, no gerenciamento de tempo ou no amor, é o que fazemos inconscientemente.

Assim sendo, começo a jornada em nome do nada. O nada. A arte de analisar a hora de simplesmente "parar de remar" e esperar a jornada alcançar calmamente seu porto. É preciso. Senão, depois de alguns portos, serei só um monte de experiências amassadas.

terça-feira, 13 de novembro de 2007

Conselhos que a sociedade reprova, mas a saúde (mental) agradece.

1. Não conte até dez. Mande tomar no cú dez vezes.

2. Nunca se esqueça de respeitar uma mulher, mas nunca se esqueça de xingá-la quando ela fizer por merecer.

3. Sair andando e ficar em silêncio é tão eficiente para dar uma patada quanto falar "vá se foder"

4. Se fores esquentado, inove: mande se fuder e saia andando.

5. Fumar faz mal à sua saúde, mas pode ser o que salva a vida de pessoas irritantes à sua volta. Saque um cigarro.

6. Às vezes é bom chegar em casa e passar o domingo como se fosse um náufrago. ( sem banho, sem barba feita, sem comer nada que precise se preparado, sem levantar e andar mais do que 10 passos)

7. Amigos são aqueles que riem quando você ri e ...pensam em sumir correndo quando você chora. Não os reprima. Você também faz isso às vezes.

8. Tire sarro de alguém uma vez ao dia. O mundo faz isso contigo desde que você nasceu, sem que você perceba, isso acontece até para Top models, então não se exclua, entre na roda e alopre alguém.

9. Pessoas confusas são apenas pessoas que estão tentando te explicar de forma bonita algo que você não quer escutar. Auxilie-as tirando este peso escrupuloso. Irrite e você obterá uma resposta válida.

10. Não tenha pena de velhinhos filhos da puta. Eles sabem que todos têm pena, é por isso que eles furam filas, dão cotoveladas e afins. Se ele tem força para te ferrar, deve ter cálcio para aguentar um tranco.

11. Dó não é uma qualidade, mas uma nota musical. Continue a escala para os mendigantes profissionais. "Amigo, vá de RÉ e não MI venha FÁ-lar que eu SOL (u) um filho da puta por não acreditar na sua LÁ-dainha"

12. Quanto mais bonita a pessoa, mais folga ela tem para ser otária com os outros.

13. Fale de ética, defenda a ética, mas lembre-se que ela é como uma mulher indefesa: frente aos que não gostam dela e jogam sujo, é preciso colocá-la de lado por 5 minutos.

14. Traição é um peido moral. Todo mundo um dia sofreu com isso e pode deixar escapar uma.

15. Ignore todos estes conselhos e vire um Teletubbie, ou descubra como o mundo gira logo depois dos créditos de "Malhação".

Os desígnios divinos de um feriado preto-e-branco

Os indefinidos caminhos de um feriado


O ano está no fim. E quem trabalha, também. Como moribundos, vários paulistanos e seres da metrópole agonizam pelo derradeiro fim de ano, onde todos ingerem calorias em busca da forma de papai noel, aquele cara que todo mundo ama por trabalhar uma vez ao ano.

Pode ser uma visão apocalíptica da vida, mas é só um exagero sobre uma verdade. Quem vive a rotina de faculdade ou trabalha em empregos que não descobriram o advento do relógio ou calendário, sabe do que estou falando. As festas são uma comemoração por conseguirem se manter invulneráveis às desculpas esfarrapadas de todo chefe que enxerga em dias de folga uma chance de mostrar ‘como é pintudo”.

O feriado está chegando. E já me disseram que temos outro, na terça. Dia da consciência negra. Gente, eu sou a favor do feriado da consciência negra. Nada mais justo. Vi muita gente chiando pela ausência de um “dia da consciência branca”. Na boa. Descendentes de italianos, portugueses e principalmente alemães...vocês poderiam me dizer em que capítulo da história vocês passaram gerações sendo escravizados? Em que estatística do IBGE os brancos ( caucasianos) se ferram mais? Consciência negra, sim senhor. É justo um feriado para quem representa uma etnia que tanto trabalhou pela própria vida. Ainda mais em comparação com os feriados que temos. Se o Brasil tem 4 dias de bebida, dança e putaria generalizada abençoados com a palavra “cultura” (vulgo carnaval), por favor.

Dado o meu parecer sobre o novo feriado, gostaria de refletir sobre a aura que se instaura sobre o feriado de cada um. Alguns fazem planos, compram passagens ( ignoram jornais e acidentes aéreos), outros entram na minha onda: vou ver o que vai rolar.

Para você deixar um feriado deste jeito, é preciso o seguinte material, donas de casa:

-falta de tempo
- cansaço acumulado
- desorganização de agenda
- amigos indecisos/ espalhados ( salpique um a cada 100km, fica ótimo)

Se você vai viajar, te dou um conselho simples. Nunca, mas NUNCA viaje contando que irá encontrar um par. Principalmente se o par já tem nome. É só se colocar no lugar da pessoa. Como ficaria o seu ego se você visse alguém atravessar estados para ir vê-lo? Juro que depois de sofrer com pancadas praticando este tipo de burrice, aprendi a não deixar o meu inchar quando alguém vem me visitar. Mas não arrisque. Feriado é como M&M branco, coisa rara, que deve ser aproveitada por quem o tem, e não para melhorar o dia de alguém que não acompanha as nabas que você enfrenta no dia-a-dia.

O feriado também pode ser traiçoeiro. Deus tem um santo execrado pela igreja, o São Miau. Conhece? Ele aparece e dá suas bençãos aos pobres fiéis que querem fazer algo, mas que por desígnio divino foram escolhidos para "morgar". Você marca um cinema? São Miau, bau bau.
Você vai à praia? São Miau, em parceria com São Pedro, e você perde o sábado inteiro.
Ahn...marcou aquele futebolzinho despretensioso? Miau,miau, ocupou todos os pernas-de-pau.
E se for programa com mulher? Gente, isso acontece. São Miau a-do-ra fuder com os programas de feriado à dois. Tenho até uma sina com ele, que não me acomete mais porque não namoro...mas sempre....SEMPRe que meus pais em Santos viajam...e a casa fica para mim...a namorada dá uma louca e treta, não querendo me ver. É bizarro. Já tentei até mesmo rezar, ficar em silêncio. Mas São Miau é muito influente. E claro: desocupado. Afinal, santo sem credencial não tem que atender milagre, e sim fazer o que bem quiser.

sexta-feira, 9 de novembro de 2007

De bombeiro hidráulico e teimoso, todo mundo tem um pouco


Todo mundo tem a obrigatoriedade divina de conseguir o que quer. Por mais que se negue, até o velhaco, que está morando em uma cabaninha de juncos, faz isso. Ele pode ter sido um mega-executivo, e aí decidiu que queria morar com goteiras e uma barba nostradâmica.

E assim se vende toda espécie de religião motivacional, com segredos, pais ricos, pais pobres, queijos mexidos e o escambau. Vivemos a era da perseverança, onde quem quer mais, consegue...ahnnn....alguma coisa. ( conseguir mais, talvez até os anos 60)

Eu sou partidário disso. Mas acho que o viés é um pouco mais complicado. É preciso querer as coisas de coração. E, sinceramente, quantas coisas você quer de coração? Já vi patilenes da espm morrendo de amores pelo último notebook da macintosh. Não é disso que estou falando. O que você quer de coração, a ponto de sentir um buraco na alma se alargando a cada dia que passa e você não alcança o que pretende?

Uma vez, em uma entrevista de emprego me perguntaram uma qualidade que eu via em mim mesmo. Respondi: "eu sou obstinado". A mulher, rh-zete, vagabunda diplomada na arte do julgamento à competência alheia, me respondeu, procurando traduzir: "Ah, então você é determinado? Que bom". Tive de explicar à pobre alma emperiquitada:

"Não. Eu sou obstinado. Determinação é a qualidade que ir até o fim seja lá o que lhe for imposto. A determinação é uma coisa que eu não tenho. Não sigo cegamente qualquer causa, e é por isso que considero a obstinação uma outra qualidade. Eu não cismo com qualquer coisa, mas uma vez dentro de um objetivo, eu o quero de coração e, até hoje, percebi que sempre consegui as poucas cismas que tive."

Gente, um determinado (muitas vezes vulgo "coxinha") pode parar quando o carro quebra e está no meio do deserto. Eu, se estiver cismado com o que quero, providenciarei um jeito de continuar. É uma qualidade um tanto ambígua, porque simplesmente ATROPELA quem se opõe. Acho que faço isso porque cismo com poucas coisas e, até hoje, nunca cismei com algum propósito maligno ou incorreto.

Quando eu cismo com algo e quero, providencio todos os meios de "combater" até vencer. É assim que funciono. Eu praguejo. Eu xingo. Eu filosofo. Mas eu me mexo. E isso soa como se eu fosse um marmanjo de 1,83m mimado. Engraçado é que sempre ouço esta crítica de pessoas que estão em situação superior. Adoro falar palavrões, mas odeio escrevê-los. Entretanto, abro uma exceção: Pau no cú de quem não lava minhas cuecas. Ok?

Mas se o mundo fosse feito de teimosos, provavelmente os continentes não seria outra coisa senão um grande bloco de cabo-de-guerra, hugby ou futebol americano. A venda de capacetes e analgésicos iria para estratosfera. Mas já percebi que tem um lado dos vencedores que nunca aparece em entrevistas: o bombeiro hidráulico.

Este lado é fruto da tecnologia emocional que os homens implacáveis desenvolveram. Nunca veremos Donald Trump falar isso, mas já pensou que às vezes é preciso apertar o botão do "desencane"? Este é o botão que estou procurando a todo custo.

Como no lado profissional podemos sempre combater, ele pode ser desnecessário. Mas o que fazer no campo pessoal? As pessoas não sabem, mas adoram imitar rochas. E até aí isso é mais do que correto. Tem gente que imita o Lula, por que não haveria gente agindo como pedra? Maurício de Souza ganhou dinheiro com pedras falantes ( que alguém pegue esta)...

Acho que o que dá mais medo em ser bombeiro hidráulico e desencanar de certas causas é entender que desencanar não é desistir. É simplesmente deixar estar. E isto custa uma exorbitância de paciência e doação de orgulho. Gente orgulhosa como eu, para desencanar e viver de bem, sangra. Pode até mesmo precisar de um pronto-socorro. É coisa séria, de esmurrar parede.

E aí espero o coro gritar: "mimado".

Gente, mimado é alguém que tem tudo que quer pelos outros. Quem tem tudo que quer por si mesmo, no máximo pode ser chamado de hedonista. Espero ter auxiliado.

Eu demoro a desencanar. E bombeiro hidráulico é chamado para resolver entupimentos que incomodam. Demorar a desencanar não é desencanar. É engolir a seco. Tenho feito experimentos, e digo que a melhor saída até agora encontrada é procurar novos canos limpos. Se você é assim como eu, orgulho puro/puto ( de emputecido), esqueça de desafogar questões encanadas e entupidas. As pessoas fazem merda o tempo todo. Um dia elas fazem uma gigante com a gente, e aí negão...chora. Chora mesmo. E não puxe a descarga, senão enche d'água.

Vencer na vida nem sempre é um caminho reto. Concluo dizendo que é preciso ter um pouco dos dois, do teimoso e do bombeiro hidráulico. Sem fuga. Não adianta bater cabeça. Muito menos tentar não se molhar.













terça-feira, 6 de novembro de 2007

12 casas do supersticioso: As infinitas probabilidades de gêmeos!

Eis que chego à casa do signo que me tornou supersticioso. Recapitulando, eu, opositor-oficial das crenças de minha mãe ( que são mais ecléticas do que rádio popular FM), me peguei concordante com a máxima "signos ajudam a entender as pessoas" depois de um maldito me falar " Ah, você é de sagitário? Deve se dar muito bem com gêmeos"...e eu ter descoberto que, na época, eu tinha gêmeos como o signo de 80% de meus amigos e amigas.

Eu demorei a entender gêmeos. O contato diário e em diversas esferas de interesse me fizeram um "veterano da guerra geminiana". Ganhei muitos amigos do signo, mantive alguns e perdi vários. A volatilidade e o orgulho de um geminiano não são comentários comuns nos horóscopos diários, mas eles existem. Muito mais do que a questão "duas-caras" que todos levantam, apontando o dedo como se fossem baluartes da integridade.

No capítulo "amizades", a recomendação para uma longa e duradoura relação com este signo é "não seja tão próximo". Meu melhor amigo hoje é do signo, mas é fato que nosso 'contato ininterrupto" e "papos caminhantes" só dão certo porque sempre tivemos um respiro entre um papo de horas à fio e outro rápido e rasteiro. Não sei porque, você se torna confidente e íntimo do geminiano por 'tempo de jogo' e não por "atuação brilhante e incessante". O que se aplica também às mulheres.

Minha primeira paixão juvenil foi vitimada pela péssima escolha por uma geminiana. As geminianas adoram chamar a atenção, mas não admitem. O que aquarianas e taurinas fazem de forma declarada e regada à luzes estroboscópicas, e que leoninas e sagitarianas justificam como " é como eu sei ser e isto não é para chamar a atenção", geminianas fazem com um típico : " Eu? Eu sou suuuper tímida". E aí você descobre o potencial que as geminianas tem de atrair inimigas.

Minha mais antiga amiga, que ironicamente foi a paixão juvenil que não vivi ( e hoje ironizamos), sabe disso. Ela passou por maus bocados nas mãos das tramas sociais femininas. Geminianas em geral são aquelas que todos conhecem, os homens adoram ter por perto, mas as mulheres querem matar. E a versatilidade do signo transparece quando elas se fingem blindadas à este fato.

Deixei para falar da volatilidade do signo na questão "esportista". Tive poucas experiências com o signo, todas muito malucas. Não fui amplamente cativado por suas capacidades e acho que meu jeito de ser combina com as geminianas mais experientes mesmo. Mesmo mais velhas, são criaturas mais parecidas com pássaros raros das ilhas Galápagos, aqueles que fazem fotógrafos penarem por 8 dias e 8 noites fingindo que não os querem fotografar. A regra é inversa, famosa e injustamente aplicada à todas mulheres: quanto mais você gosta, mais se distancie.

Impedimentos são como a cor vermelha para os olhos do touro, ou melhor...geminiana. Elas são apaixonadas em geral por errantes, viajantes, músicos, largados, malandros, vagabundos, homens casados e coisas desta espécie. Estamos falando de sentimento. Para sair, elas podem se permitir até mais do que o normal. Mas o envolvimento para o signo é como a asfixia da vida, o que chega e chamar a atenção deste sagitariano ( e amante da liberdade) que vos fala.

Uma vez engatadas em namoro ou relacionamento sério ( nunca tive um ,mas observei atentamente) toda a energia nuclear e velocidade da luz empregados nas fugas e negações de sentimento ( mesmo que eles existam !) somem. A geminiana pode ser comparada ao famoso "Gênio da Lâmpada", que só realiza todos os desejos de quem os aprisiona, uma tarefa para heróis.

Para não colocar só empecilhos, é preciso dar os méritos das mulheres de gêmeos. E eles não são poucos. São cias. muito carinhosas, daquelas que beijam e abraçam ( sem conotação sexual aqui gente!) como quem encontrou um filhote de labrador. São animadas, nunca reclusas, são uma novela para quem não conhece o signo, que "vai fazer cerâmica para sempre" e na outra semana vem com um papo dizendo como "descobriu que criar grilos é o que há de irado na vida". Eles são adaptáveis justamente por isso. Ao contrário de signos mais tinhosos, aceitam mudanças bruscas de rumo, mesmo que isto pague futuramente um preço exorbitante da tolerância de quem pediu mais do que deveria.

Por fim, vou narrar a única experiência real que tive com uma geminiana, há 4 ou 5 anos atrás:

"Eu ainda morava em Santos. Encontrei a mulher em um posto de gasolina, naquelas lojas de conveniência. Em Santos é comum todos ficarem à toa bebendo e fazendo nada, é a vocação da cidade. Desde o início, ela se jogava em cima e logo depois disparava alguma afirmação para me ofender, um contrasenso que beirou ao ridículo. Até que comprei a idéia de que o que ela queria era um tipo de homem que eu não sou, daqueles que "jogam na parede e beijam". Jogo na parede querida, faço você virar havaianas se quiser, mas não gosto de apostar em um beijo que pode virar tapa por falta de simancol da minha parte--técnica sua. Mas a noite era muito calma e eu me diverti com a idéia. Na terceira patada logo após um abraço pra lá de malicioso, lancei algo como "se você quer e não admite, o que eu posso fazer?" E aí eu me sentia como um nadador profissional experimentando por um dia praticar queda-livre. Emocionante, só pela situação. Ela era bem do tipo das que já conheci do signo, "normalzinha, mas ninguém consegue tirar os olhos dela"...

A noite andou até o fim, com o mesmo jogo do "te quero/ não te quero/ adivinhe se puder".

Até que eu fiz o papel de "Humberto Martins" e imprensei na parede. Mãos à obra. Pensei " vou passar meu primeiro vexame antes de um beijo na minha vida..." e não passei. Ela beijava como se estivesse torcendo com todas as forças para que eu fizesse aquilo.

Logo depois, a coisa tomou um rumo completamente diferente. "Vamos embora?" E a palavra no plural deixou bem claro o que era para ser o final "feliz" da noite. Fomos no carro dela.

Durante o caminho, abstraí e devolvi o aparente desinteresse dela inicial após o beijo. Ela se irritou. Mas entendeu a esportividade do meu gênio. O carro parou e ela foi bem explícita: "Chegamos. É aqui que eu moro. Quer subir? "

Aí subimos. Não preciso digitar aqui o que se espera dali em diante. Qualquer dúvida, as quatro mãos e os dois corpos deixavam bem claro o que os dois queriam. Até que entramos no apartamento e nos deitamos.

Os beijos andaram....e começaram a misteriosamente retroceder. Tudo ficou morno. As mãos começaram a expulsar as minhas como campeãs de judô e aí é que inicialmente me confundi. Parei com tudo. Ela não estava a fim, no final. Acontece. Mas não. Ela voltou para cima com tudo, querendo e arfando em altos brados. Tudo de volta à ativa--literalmente...e então o balde de água gelada de novo. Ela para. Eu decido ser simpático e proponho "vamos ligar a tv e conversar então!" acendo um cigarro. Ela me acompanha. Ótimo, tem noites que vale mais a conversa mesmo. Mas antes do cigarro chegar ao meio...ela salta sobre mim, abre a blusa e revela seus traços, uma ilusão de óptica que continuava a me instigar. Quando chegamos ao "derradeiro momento", ela me empurra. E aí meu sangue ferveu. No pior sentido.

Só falei: Chega. Você é louca. Porra, ou quer, ou não quer. Nenhum dos dois me incomoda, mas pára com isso, caralho.

Ela negou. Negação é modalidade olímpica para gêmeos.

Eu me levantei e disse " vou embora"

Ela firme e forte disse: "pode ir. acho melhor pros dois" em tom de justiça.

Eu saio, ela dá tchau e fecha a porta com toda calma do mundo.

Chamo o elevador. Térreo. Primeiro. Segundo. Mais um pouco ele chega no quinto.

Alguém pula nas minhas costas. Eu me viro, e o corpo só se solta para se engatar como queria inicialmente. Era ela. Me puxou de volta para o apartamento e a noite correu das formas mais inimagináveis diante do desinteresse dela.

Ótima história? Não. Pra mim, ela era louca. E loucura é uma doença que se pega com o convívio.

Nunca mais a vi. E só ri comigo mesmo a caminho de casa, depois daquela transa sem pé nem cabeça."

Nossos jardins

Eu sei. É, texto sobre jardins. Sem novidade. Eu já começo batendo palmas para Mário Quintana. E agora eu me dou ao direito de falar com o papel de fundo "jardins".

A primeira ironia é que todos adoramos esta metáfora, mas ninguém tem saco para ficar sentado em um jardim. Poucos sequer tem como ambição "morar em um lugar com belos jardins". Mas adora falar em cultivar. Carreiras. Amigos. Amores. Whatever. A gente cultiva muita coisa, mas a verdade é que uma ínfima fração entende o processo.

Eu vejo que já ando meio contaminado com esta praga dos jardins metafóricos. São Paulo é mestre em ensinar que existe uma chance pequena de que você consegue colher algumas coisas sem semear. É um milagre da agronomia comportamental, mas aos poucos você entende que até mesmo os milagres tem estoques limitados, antes do final da promoção.

Eu já saquei isso há algum tempo. Daí você vê como tudo tem uma lógica. Até mesmo para os que não passam mais do que 30 minutos com um jogo de sudoku na mão ( terminando ou não).

É bom existir a necessidade da semeadura. Empregos ganham brilho extra quando você semeia e tenta por muito colher 1 ou 2 grãos de feijão em um solo que parece paupérrimo. Os amigos, nem se diga. Você retorna à origem da palavra, percebendo que é preciso escolher e cultivar os amigos, e estes, lamento dizer...não chegarão ao mesmo número de dígitos dos contatos de seu msn ou orkut. "O Lula tem bons amigos porque os conta com a mão esquerda." Sabe?

O meu jardim hoje em dia tem dado alguns frutos. São poucos , muito poucos ainda, mas sinto-me um "Sassá Mutema" da vida moderna, obtendo meus primeiros mini-troféus na área profissional. Claro, o cultivo do meu corpo anda um lixo, até penso que um dia minha consciência vai pedir desapropriação de terra por falta de uso deste campo, mas a mente tem se mostrado uma cultura muito agradável e o coração anda com projetos inovadores. É preciso. O sofrimento não combina com o quadro dos homens bobos. E eu sou um abobalhado de nascença. Prefiro ser palhaço e homem-moleque do que me imaginar assinando algum livro com um portentoso cachimbo em uma foto sépia. Por isso, espero ansiosamente pelo possível cultivo de uma nova "plantinha", mesmo sabendo que cultura nova tem zilhões de riscos e que no final tudo pode não vingar. Mas é isso que dá o valor dos frutos mais caros na feira. Se damascos nascessem em qualquer rachadura de asfalto, você não os compraria só no natal, não é?

E é isso que eu quero pra mim.

Entrando nas últimas recomendações ( antes de abandonar e cometer heresia na metáfora de Quintana) é válido um cuidado redobrado no cultivo profissional e afetivo na cidade grande. Gafanhotos e pragas de todos os tipos adoram nutrir sua natureza pestilenta logo no começo destas culturas, por isso mesmo o negócio é cultivar em estufa, no início, pelo menos. Caso contrário, dificilmente terás o que espera e pelo que plantou.

Também vale cuidado com um tipo de praga mais comum aos que adoram chamar todo mundo de "amigo": as raposas. Estas então, nem se fala. São seres de proceder ardiloso, esperando a formação dos mais belos frutos para aí então abocanharem o que não é de sua propriedade.

Por último, o que posso dizer? O cultivo da vida é o único solo onde é melhor você evitar as idéias de minhocas. Pense em coisas diferentes, como aquele tatuzinho de jardim...;)

domingo, 4 de novembro de 2007

TCC: O fim.

Eis meus "agradáveis" agradecimentos no PGE (TCC):

PGE não é Oscar. Nunca foi, nunca será. Não puxarei o saco de ninguém, lamento. Sobreviver ao PGE é dramatizar demais algo que a própria entidade faz questão de mitificar. Lanço aqui a você, leitor, o desafio de propor a tentativa de se dedicar 200% como todos esbravejam e tentar entregar um PGE três meses antes. Lenda? Não, objetivo pedagógico. Ninguém, em mundo nenhum poderá entregar um trabalho destes antes do tempo, não por incapacidade ou falta de dedicação, mas porque esta balela mercadológica foi criada para que o aluno gaste seus últimos meses de faculdade “chocando” esta cria. Fizemos uma pesquisa. Pediram outra. Fizemos a outra. E quer saber? Tudo para que no final saibamos que a primeira tinha maior valor. Palmas. Eis a mercadologia.

Sou um cara de criação, vindo de uma faculdade de Direito, onde morosidade é um problema e “achar” é o que elimina milhares de candidatos em exames orais. Mas eu me vejo obrigado a amar a ESPM. Claro. Depois de gastar o valor de um apartamento, ou eu amo ou eu me mato. E a minha vida continua. Bem melhor agora, com este trabalho entregue. Como não sou ingrato, agradeço o Bruno pela paciência e apoio antes que eu trancasse matrícula, a Nina pela compaixão e noites de correções e ao membro que se despediu no tempo certo, antes da conclusão deste trabalho. Agradeço aos orientadores por serem orientadores, perdão pela redundância. Profissionais maravilhosos que pouco dedicaram ao meu silêncio. Mas eu fiz esta parada. Sim, eu fiz. Não desfilei com as laudas para lá e para cá, não ficava desfilando com olheiras na faculdade, mas eu fiz. O que era para ser discutido eu discuti, o que era para ser pesquisado ( tente pegar gente na Oscar Freire para pesquisa e saberá sobre o que estou falando), o que era para ser escrito, eu escrevi.

Que meu pai nunca conheça 1/5 desta instituição pela qual ele sangrou sua poupança. Meu sonho continua, depois de escrever sobre sapatos estando descalço em casa—depois de falar sobre o trabalho alheio quase perdendo o meu emprego—e falando sobre o sucesso alheio adiando o meu. Quem sabe eu processo a faculdade por tudo que passei. Mas isto é a história de um outro livro.

Obrigado.

quinta-feira, 1 de novembro de 2007

12 casas do supersticioso: Teimosia-turbo de touro

Vamos voltar ao nosso "passeio" pelas 12 casas do zodíaco, agora com touro. Acho que vou tentar me conter desta vez. Minha MÃE é da casa. Sinceramente, fudeu. Eu experimentei o individualismo e o hedonismo de touro em todas as suas vertentes. Touro é preocupado com a família sim, quando isso se torna preocupante. Sacou?

Tenho um bom amigo em São Paulo de Touro, que defende bravamente a casa com qualidades como sinceridade e bom-humor que beira ao número do "Melhores do Mundo- Joseph Climber"...

De resto, vamos às experiências com o signo no aspecto feminino. Olha, tive apenas 3 exemplares destes em minha vida amorosa. OPA! Que amorosa? Nunca vivi um amor com uma taurina. À mim soam como criaturas tão cheias de suas regras de "como ser livres" que ao pensar que "UMA REGRA DE LIBERDADE NÃO É LIBERDADE PORRA", eu me irrito.

São charmosas sempre pelo lado da "estou no meu cantinho, mas causo". Pouco eficiente comigo.
As três vezes que me "relacionei" com alguém de touro, sempre foi sendo "caçado", ou seja...elas olharam e foram atrás para pegar o que queriam. São pacientes ao extremo, até que você demonstre a tenacidade de uma rocha. Sim, uma rocha. Porque para a teimosia de uma taurina ( ou taurino, para seus amigos), só 3,00m de rocha sólida. Relaxe. Mesmo que o taurino chore, esperneie e pragueje ( uma prática muito comum) contra um desafio que os despreza, em geral tudo o que você ouvirá através do seu muro de "rocha" (leia-se postura) é a cabeça dele rachando. Tome um sonífero para tal e você fica bem.

As taurinas são pessoas de fácil contato, sempre que você não precise delas. Lembrem-se, caros leitores, eu não sou astrólogo, nem psicólogo. Sou só o que eu vivo, e pelo o que vivi, nunca tive um amizade ou relacionamento com alguém da casa onde eu realmente pudesse contar com esta pessoa. São muito solícitos para ajudarem financeiramente ou com bens materiais ( me empresta seu saco de dormir? vou viajar!), isto é fato. O coração deles é do tamanho do mundo neste aspecto, ao passo que outros signos ( incluindo o meu), são de um cuidado com os empréstimos que você consegue cronometrar 2.3 milésimos de segundo até que um taurino pragueje contra alguém "nossa, como você é egoísta"...

A questão esportista. Ah, sempre falo dela. Gente, muito pouco pra se contar. Como meu "santo" não bate muito com o das taurinas, só tive uma experiência, boa, mas "atravancada". Não rola química. E química, para os mais metidos a "fuckmeister 2000", não é conseguir "colocar no gol".
Isto é meramente física aplicada à biologia. Química é o que te faz ficar "animado" só de lembrar como foi algo que rolou dois dias antes.

Recomendações zilarianas para os que se relacionam com os nativos da casa de touro:

1) Não diga "me dê isso" ou "você vai". Ao contrário dos arianos, que são teimosos por orgulho, eles o fazem por instinto, como o cavalo caga e anda despreocupadamente.

2) Lembrem-se deles e eles se lembrarão de vocês.

3) Faça alongamentos diários de ego. Taurinas(os) são apreciadores de tréguas e admissões de cagadas, sendo até mesmo capazes de te ajudar a limpar a besteira que você fez.

4) Nunca, mas nunca, ataque a família ou amizade antiga de alguém da casa. É como matar o peão que dá ração pro boi. Ele vai te matar, logo que a cerca for abaixo.

5) Ria com eles e entenda que eles não gostam de gastar mais do que 30 minutos discutindo uma dor. A resiliência sentimental das taurinas e taurinos é comprovada cientificamente. Quando desabam emocionalmente isto demora tanto quanto um cisco no olho.

Bem gente, é uma casa que passa meio rapidinha mesmo, acho que por falta de contato mesmo. Tá pensando o quê? Eu não sou de nenhum signo "diplomata" ou "popular". Sou só sagitariano. Eu estranharia se me desse bem com todos, isso sim!

Até o próximo...gêmeos!

Hoje 3 poesias, eis a primeira: És o Guardião

Aqui vai a primeira da tríplice aliança que postei hoje, antes de abordar o signo de ...touro ( na série "As 12 casas do supersticioso").

Esta é uma raridade, um texto falando sobre o papel de meu pai, mas se aplica a qualquer pessoa que cuida de nós em um sentido amplo:

(André Zilar, filho de Telesphoro Gomes de Almeida Filho
- setembro 2004)


És o guardião
És o guardião
És quem guarda o amor profundo
Quem protege do ódio do mundo
Tua contrariada criação

És o guardião
Es quem embala a criança
És quem sai sem e dá esperança
És quem não nega a missão

És o guardião
És quem luta sem espadas ou lanças
És quem sofre mas nunca se cansa
Pra nos dar um pedaço de chão

És o guardião
És muralha contra a temperança
És quem fala com a insegurança
Pra largar os filhos nas tuas mãos

És o guardião
És quem nega o anjo da morte
És quem prega quando até Deus foge
Pra criar instantes
Da mais pura perfeição

És o guardião
És o que sobra da linha
És quem sangra minha’legria
De cantar sem preocupação

És o guardião
Em perpétuo , és meu pai meu pão
És o certo és a inspiração
Dessa protegida geração

És o guardião
És minha noção de amanha
És paterna mão irmã
És exemplo pra quem foi filho e vilão

Mas, acima de tudo...
És acima de todos,
meu guardião.

Vale a pena ver de novo: "Gripado"

Para continuarmos no respiro entre as questões zodiacais, coloquei mais uma poesia para termos um ar armmm" Frugal" na leitura de hoje ;)

Gripado
(André Zilar-abril de 2006)

Eu não tenho mais a conta
De quantas vezes essa coisa
Essa chata, essa enfadonha
Me poe de cabeça tonta...

É, começa besta, como preguiça
Depois vira dor sem machucar
Aí você fica parado e ela fica
Se instala no corpo com mala e apatia.
...

Gripado, em estado de gripe.
Em um estado ensosso
Parado e desgostoso:
Só dor no corpo se sente
E não há remédio que a finde.
Talvez com um analgésico poderoso
Você por um tempo a despiste.


O estado da gripe é forte.
Anda folgado, invade quando pode
E deixa a saúde de lado, meio de porre...
Que saco, não sinto mais gosto, nem de xarope.


Gripe.
Se fosse amor, que bom seria.
Queria estar amado, não gripado.
Amado de cama, sem mentira!
Estaria espirrando afagos,
Teria um coração entupido de abraços
Talvez até dor nos lábios,
De tanto beijar, masss.....
Você é gripe.
O máximo que consigo dessa sina
É ficar constipado.




Logo, sem perceber.
Às vezes é você que me cai bem.

Vale a pena ver de novo: "Homem Sozinho"

Posto uma letra de música antiga, já começando a se despedir no tempo...
"Homem sozinho"- uma reflexão sobre o lado legal e chato de ser solteiro:

Homem sozinho
André Zilar, em junho de 2004


Um homem sozinho, sim.

Ser homem sozinho é ser antes de tudo, livre.
É ser dono do seu nome, é não ter apelido carinhoso,
Ser homem sozinho é beber com amigos!
Ser um homem sozinho é trabalhoso!
É dureza, é moleza, é algo fácil que fica bem difícil.

Ser homem sozinho é gostar do seu cachorro,
É sentar e tomar um café com seu pai turrão,
É entender dos amores passados o quando e o como
As coisas perfeitas deixaram se ser como são.


Ser homem sozinho é deixar de ser crescido,
É virar meio homem e meio menino,
É começar a entender o sentido
Das canções românticas que a sua ex vivia ouvindo....

Ser homem sozinho é ser renascido,
Reformulado, arrumado, passado a limpo,
É estar preparado pro acaso vindo
E também desejar um amor antigo,
Lá da janela do seu quarto, colado no vidro.

Ser homem sozinho é ser você— e só isso,
É ser companheiro dos seus erros arrependidos,
É ganhar em suas mágoas um professor rígido
E é ser, acima de tudo, mais um anjo caído


( até que outro amor lhe roube os pés da terra...)


segunda-feira, 29 de outubro de 2007

As 12 casas: Pipipipi...piscianas.

Já estamos na terceira casa. E eu sei lá o que se passa. Começo agora a falar um pouco dos signos mais "problemáticos" comigo. Peixes.

A casa de peixes comigo tem uma história de casos bem-sucedidos específicos. Em geral as damas de peixes me enchem o saco pelo sentimentalismo excessivo e o que eu chamo de "complexo de Felícia" ( Tiny toons..."vou te amar e te abraçar e te apertar").

As exceções já sabem quem são e já me pegaram discutindo sobre como a casa é problemática. Ainda bem que existem ascendentes. Mesmo assim, me assusta o pensamento de alguém com a cólera chorona ao ser de peixes com ascendente em peixes. Mas vamos ao assunto do mesmo jeito.

As qualidades da pisciana aparecem muito na forma de amizade, são pessoas que seguem o princípio do "deixa quieto o que é dos outros...e deixe o meu também". São sonhadoras, mas ao contrário dos meus colegas de sagitário ou as tão faladas aquarianas, reconheço que não têm pressa para realizar seus objetivos. Nunca conheci uma pisciana que fosse "maluca". Elas podem querer ( e querem) passar esta imagem, mas adoram a segurança como uma vertente em suas vidas. Segurança no emprego. Segurança na família. E segurança nos relacionamentos.

Elas sabem cativar "esportivamente', mas em geral me dão sono. Não sei, conheci poucos casos de piscianas que sabem "sacudir" o mundo, mas não digo que são monótonas na área. Elas gostam do método ( de novo?) até mesmo para manter um nível de prazer dado e recebido. Pecam por esperarem cenas maravilhosas, coisas perfeitas...e isso não combina com alguém que infelizmente pode ter o defeito de ser carinhoso ao extremo em um dia e no outro acordar querendo matar o mundo com uma bomba H.

Vivi momentos tensos diante da delicadeza cristalina dos sentimentos de peixes. Minha inconstância é como um daqueles ônibus pau-de-arara transportanto um ovo farbegê. Dá merda.

Estatisticamente percebi que elas se dão muito bem com signos como virgem ou câncer, aquelas criaturas que "se acham foda e acham que todo mundo sabe disso pelo seu olhar 46".

Piscianas , não me entendam mal. Tive casos muito interessantes, mas raros com o signo. Me lembro de uma que era refém da idéia de quebrar o lado "sentimental" que todos insistiam e colocar sobre ela...mesmo que merecido. Era uma porra louca e ...não vou falar mais. Ficou a cena do "ir para cama por indicação"...o que pode ser muito legal no campo hipotético para o ego masculino...mas na real? Dói. É carência embalada com cinta-liga.

Os piscianos...vamos a eles. Tenho poucos amigos do signo. Esse lado meio melindroso me dá no saco. Acham que suas escolhas são as melhores e em geral odeiam minha forma "assertiva" de falar " legal" ou "que merda". Creio que , aos olhos dos piscianos, pareço ser uma espécie de ogro com dois diplomas, um milagre ou desastre da era moderna.

Meus amigos piscianos, lamento. Não dá para ter afinidade com todo mundo, né? Os que conheci não são bichinhas ( como adoram pintar o homem do signo), mas realmente têm uma natureza que inspira carreiras como "comentarista de filmes" ou "arquiteto". Devem encontrar grande respaldo na cultura francesa, como lugar de machos que já usaram maquiagem de casamento na era vitoriana.

Por fim, recomendo a pisciana como uma dama para acompanhá-lo, desde que nada de errado ocorra. Se tiveres humor variável, saiba que é uma relação com prazo de validade. Se você é grosso, problema. Mesmo assim, não se engane. O "bananismo" ( já leu este texto?) é algo que elas aceitam com o tempo...mas desgasta , até que uma hora você descobrirá que esta pacífica lady quer mais é se sentir mulher depois de estar segura de suas intenções.

Que venham os tomates me xingando...rs

sábado, 27 de outubro de 2007

As 12 casas: Ah, áries...

Seguindo minha série temática sobre signos, vou para aqueles que aniversariam depois de aquário, áries.

A minha primeira referência deste signo é meu irmão mais novo, que conviveu comigo desde os dias em que eu era um irmãozinho dois anos mais velho muito injusto. Não me perguntem, aos sete anos meu hobby era bater no braço dele incessantemente. Ele cresceu, ficou forte e passou.

São pessoas que sempre se mostraram resistentes a tudo e a todos, esses tais de arianos. Como meu viés é sempre feminino ( para tornar tudo mais interessante), vou colocar como se dá o meu contato com a casa dos teimosos mais simpáticos que conheço.

A única exceção negativa sobre este signo foi uma interesseira que conheci em Santos, logo...deixarei esta criatura de lado, pois não sei o que houve com ela. Só tive o prazer de ver a sua falta de graça ao me encontrar um dia de novo, acho que com vergonha de quem tentava ser algo que não era. Infelizmente, na idade jovem a ariana é muito influenciável pelas amigas que pegam a mão do jeito de "sugerir" rumos para os outros. Graças a Deus isso some quase que por completo a partir dos 25 anos. Não sou astrólogo, só um cara supersticioso. E assim acho que acerto mais para quem importa ( eu).

Agora indo para a página 2...(muito melhor)

As mulheres de áries têm uma história de amor e ignorância em relação ao meu jeito de ser. Faço piada com o signo lembrando com o mote "se você MANDAR respirar até a hora seguinte eles se matam por asfixia voluntária"...a mulher de áries gosta de gostar porque quer. Esqueçam o lance da conquista, fãs das mulheres de áries. Elas são conquistadas no dia-a-dia, como uma boa fruta deve ser cultivada sem muitas perguntas sobre quando dará frutos.

Isto funciona para a amizade e o amor. São mulheres de gênio simpático, acho que muito pacientes, pois em geral gargalham à larga com meu bom-humor de 9,90. Espertas, raramente me peguei explicando duas vezes a alguma ariana alguma piada ou indireta. Suas habilidades
"esportistas" são de fato um tanto imperativas, mesmo quando exercidas de forma amável, e o carinho é muito importante, o que balanceia a sua praticidade avessa aos nhé-nhé-nhés.

Preparam momentos mais que picantes com a naturalidade de quem é dona da situação, mas nunca me senti menos do que convidade de honra da cama que dividi com alguma ariana.

Gostam dos homens que falam a real, a sinceridade é quase tão valorizada por elas quanto pelas escorpianas, e o rancor ( graças à Deus) é um botão quase nunca apertado. São majestosas ouvindo o "sim" e o "não", mesmo que a segunda opção já tenha me dado a sensação de ser um "Brutus" da era moderna. Ledo engano.

A paciência de áries comigo é um tanto curta quando cometo alguma daquelas mancadas tão típicas, como esquecer datas ou ocasiões, mas ao perceberem que o lance não é na maldade, conseguem seguir em frente. Os homens, amigos, irmão e meu chefe também são assim. São de uma elasticidade sobre-humana quando o assunto é perdão, sempre com a regra de ouro da inspeção sobre "será que é verdade".

O que me atrai nestas mulheres é que têm um dom para manjar as pessoas. Meu irmão também é assim. Podem ser extremamente céticas, mas adoram suas capacidades "precognitvas" para "cheirar" o bem ou o mal. Quase nunca se enganam. Digo isso porque vi como foram espertas as mulheres que me conheceram em fases "evil" e também como mantenho ao meu lado uma convivência que encontra segurança na minha forma de proceder mais transparente.

Não deixaria de falar do ciúmes. Ah, não. Porque ariana é ciumenta sim, minha gente. O ciúmes para elas é assunto feio aos seus próprios olhos, por isso dão cabo de investigações e desconfianças por si mesmas. Isso irrita, pode dar um ar de "perseguição", mas pode cessar logo que toda CPI chega ao fim.

Mas eu sempre me dei bem com este signo, é engraçado. Quando brigo com eles, as coisas em geral acontecem pela teimosia que nega a veemência com que apresento fatos que não os agradam, até mesmo porque , embora eu concorde em sonhar acordado, pelo menos admito, ao passo que arianos chamam de "planejamento"...mas é sonho mesmo.

Para torcer um braço de áries é só dar tempo ao tempo. Dê seu recado ( se for o certo) e ele tomará o rumo que você apontou...mas porque ele(a) quer! rs ( claro...)

Diria que são pessoas para se manter por perto para tudo e todos. Se fossem um objeto, com certeza seriam uma daquelas facas militares para sobrevivência na selva, com bússola, tesourinha, lanterna e qualquer traquitana que você precise. A força de quem gosta da mão na massa é admirável para alguém tão 8-80 como eu. Eles conseguem atravessar momentos de crise fazendo piada, e as mulherem então, nem se fala. São atraentes pela forma como me envolvem com o carinho de quem quer cuidar mas não quer dependência. São quem carrega uma boa fama comigo de mulheres que gostam de mim sem alterações de conduta para conquistas. É para quem gosta da possibilidade de encontrar um par perfeito, que só vai te abandonar se você se alterar falsamente. Mesmo que seja para começar a abrir a porta do carro na hora desta dama entrar.

sexta-feira, 26 de outubro de 2007

12 casas do supersticioso: As águas de aquário

Quem bem me conhece sabe que sou um supersticioso de carteirinha. Pagando a minha língua no crediário, me tornei em parte o que minha mãe é ( mas ainda não idolatro 16 divindades diferentes).

A minha maior superstição foi inaugurada por algum imbecil que um dia me perguntou qual era o meu signo ( sagitário) e me afirmou , com toda a certeza do mundo: "Ah, você deve ser dar muito bem com gêmeos. Tem amigos de gêmeos, não?"

Eu ri, saí andando e depois descobri, estarrecido, que tinha geminianos como 80% das minhas amizades na época. Virei supersticioso ali, também agregando o valor aos signos em outras áreas, dentre elas o segundo assunto que mais me persegue dia e noite: a mulher.


Mas o texto é sobre você, que é de AQUÁRIO ( rádio AM!?!?).

Este é um signo que apareceu sempre de forma charmosa, com a graça de um daqueles gatos egípcios. As aquarianas, ao contrário dos companheiros do signo, são seres que convidam tudo e todos a se deliciarem com um passeio sobre suas imagens. São criaturas belas, no geral. Fato. Nunca conheci uma aquariana-- até mesmo as mais desprovidas de adjetivos diretos--que não soubessem acertar sua fagulha em um homem.

Mas não é só isso. Minha relação com este signo é pontuada pelos debates e eloquência, sendo que em geral tento manter a linha de fogo rebatendo as minhas fascinantes argumentadoras olímpicas. Sua capacidade de manter uma conversa é incrível, e isso é sentido justamente quando elas se tornam seres silenciosos, que da mesma forma que matam pela sutileza para o lado da atração, matam pelo silêncio. Me identifico e conheço os meandros desta conduta, talvez daí me irritar tanto quando sou vítima deste artifício.

São damas, e sabem mostrar que ciúmes pode ser algo muito...excitante se manifestado com classe. Uma lição para outros signos com fraqueza nesta área. Graças ao bom Deus, sempre me vi apoiado por elas em meus projetos, sejam eles artísticos ou inúteis, pois todas as aquarianas que conheci tem sonhos estratosféricos (;). Não que isso as impeça de criticá-lo.

Para não falar só de mulheres, deixo um parágrafo escondido aqui sobre os homens do signo, que são bon-vivants e pessoas que podem ser muito fúteis quando querem, vivendo sua faceta de conteúdo de forma muito reservada. Daí talvez eu encarar os poucos homens de aquário amigos que tenho como pessoas preocupadas com roupas, estilo e festas como ferramenta de auto-afirmação. Ironia é que conferi isso com amigos em Santos e São Paulo, o que cria mais uma teoria zilariana, coisa que eles adorariam argumentar e me ridicularizar por tal ato.

Voltanto às mulheres...

Em outras áreas, digamos assim...esportistas(rs)...são um ponto fraco para mim. As damas de aquário--como chamo quando conheço uma--são um perigo para a minha imaginação, tanto por toparem todas as maluquices quanto por saberem exercer o ato em si com uma propriedade toda especial. Não são as imperatrizes da cama no zodíaco, como tanto falam de escorpião, mas a forma como conseguem ser ativas e provocantes da primeira à última gota de suor fazem valer a pena tudo que se ouve contrário.

A escolha de argumentos verbalizada muitas vezes aparece na forma como se vestem. Sabem argumentar a convidar qualquer um a manter distância ou se render aos seus caprichos, daí um outro receio que às vezes aparece, pois sua capacidade de conquista me traz mesmo é inveja.

Mas nem tudo é lindo em minha relação com as águas de aquário, que parecem abrir magistralmente os meus verões...(risos)

Sempre tive de tomar cuidado com a minha impulsividade. Por ser do tipo que em geral pensa-não-pensa-mas-faz, não só deixo estes seres capciosos cravarem suas lâminas quando querem ferir, mas pego e puxo contra o corpo a ausência que sabem proporcionar, me tornando temporariamente um orgulhoso avesso à casa de quem aniversaria no começo do ano usando calcinhas que vão do bom-humor à boa e viciante sacanagem rodriguiana.

Assim sendo, acho que aquário sempre será uma constante em minha vida. São elas as matronas de histórias que marcam minha memória intelectual, sentimental e sexual com muita força, pois podem ter muitos defeitos, mas uma coisa elas são, inegavelmente:

Marcantes. Um drink doce, que de alguma forma consegue fazê-lo acreditar que 2 gotas de cianureto dão um sabor mais do que especial.


Até o próximo signo.

A catraca está aberta.

Percebi que tinha me tornado em pouco tempo um mendigo por comentários. E o pior de tudo:
comentários sobre textos que não falam de baladas, não provocam alguém com xingamentos ou contam peripécias sexuais ligadas ao surfe.

Agora eu dou paz aos meus queridos amigos. Gente, esqueçam o comentário. Me liguem. Riam ou chorem sozinhos. Ou só apertem o "X", no canto superior direito.

A mudança com o contador é pequena, mas é um sofá para aqueles que me aconselhavam de que eu precisava de alguma forma mostrar a frequência no blog. Pronto. Não chegarei ao ponto de fazer apresentações em powerpoint com estudos de fluxo, porque fluxo é assunto amarelo e vermelho ( CETs e mulheres, respectivamente).


E vamos ao texto de hoje.

quarta-feira, 24 de outubro de 2007

Escrita offline

Sabe quando um escritor fala sobre como está fudido?

Ele não está fudido/ocupado o suficiente. Eu estou.

Minha crônica:


Gente, fudeu.

Obrigado.

terça-feira, 23 de outubro de 2007

A vingança em algodão.

Uma coisa que me incomoda diariamente é como se tornou difícil a tarefa de me vestir. Nunca fui muito incomodado com isso, meus amigos que o digam, sabendo que muitas vezes repito implacavelmente uma peça, ou como chamo de "cachorro" o meu jeans, que é usado até a exaustão têxtil.

Mas as roupas são primas da balança, amigos. Elas são objetos cruéis quando o assunto é ganho ou perda de peso. E as minhas, já andam brigadas, ameaçando se tornar ex-namoradas da forma que possuo.

Avaliei recentemente o meu peso na balança. São 15kg acima da estratosfera. Mas isso se multiplica por dez quando eu vejo quantas peças me são proibidas. A minha urgência nesta área nasceu de uma camiseta verde que uma bela companhia escolheu comigo, um coringão que aceitou até 10 kg acima do desejado, mas agora demonstrou que eu fui muito longe. Me senti tentado a dizer : "Até tú, Brutus?"

É hora de reagrupar, ou melhor: matar os soldados adiposos extras. Como uma empresa diz ser o desejável, é hora de "enxugar'. Caso contrário, corro o risco de um motim de peças de algodão, linho e poliéster, que deixarão as suas diferenças tribais para me deixarem ou pior, me matarem à golpes de cabide, finalizando tudo em uma forca improvisada com uma arara e meias amarradas.

Um ponto positivo: Os casacos ainda se mostram firmes e fortes. Só preciso de uma aliança com os shorts e camisetas surradas para malhar, aí sim, minha vitória poderá se concretizar nesta guerra P/M/G.

segunda-feira, 22 de outubro de 2007

Contos de Cristian- Ficção

São Paulo, próximo ao metrô República.


Dona Regina se encolheu e abriu mão de pegar aquele elevador. O prédio tinha apenas seis andares, mas o elevador no pequeno prédio no centro paulistano era disputado, mesmo com o péssimo hábito de parar entre andares. A senhora, ex-síndica, não se lembrou disso quando o rapaz do apartamento 52 chegou em estado deplorável. Dava dó. Até mesmo comparado aos deploráveis que ali viviam.

Cristian não olhou para a velhota no elevador. As costelas doíam, e a bolsa esportiva que carregava disputava com sua mente para ver quem guardava mais problemas. A camisa social roubada escondeu o colete e o que deveria ser um coldre com munição. Melhor assim. Um prédio pode ser decadente, mas a violência explícita é assunto em qualquer lugar. Ele ainda quer morar ali. Quarto andar. O elevador pára.

Embora Cristian tenha apenas vinte e três anos, ele ganhou a chamada “coceira”. Ele sente o perigo como um bom cão de guarda, fruto dos seus tempos como pichador adolescente em Brasília. Bons tempos, quando temia apenas uns sopapos na orelha. Agora a coisa é mais séria.

Antes que a porta abrisse, ele pega da mala uma fita adesiva e prende sua pistola Glock no painel do elevador. Casualmente ele se encosta com a mão pronta para um saque no elevador, que graças à miséria não tem espelho para denunciar sua garantia de vida.

Lentamente, a porta se abre e revela alguém que não merece uma bala, mas todas as noites despreocupadas de prazer que Cristian não tem sequer o direito de imaginar: Lila.

--Oi—ela cumprimenta, tentando parecer ser só uma habitante do prédio.
--Hum—demais para a elasticidade de seu humor, por mais que quisesse, a hora não era apropriada.

Ela entra e se vira, sem perceber a mão cobrindo boa parte do painel.

--Você aperta o sexto pra mim?
--Claro—inacreditável, ela não dar bola para a posição desajeitada em que ele se encontra.

O caminho do elevador é curto, mas em 1973, quando fabricaram esta carroça de estrada vertical, tempo era um problema diferente. A viagem é vagarosa.

--Pode pegar de volta—ela revela, com um sorriso malicioso e olhos ternos, fixos no indicador de andares.
Cristian pára e pensa. Ela poderia estar em pânico. Foi uma baita cagada fazer essa manobra. Mas ele não podia se dar ao luxo de morrer sem uma arma na mão. Agora ele sente um ar de culpa e ao mesmo tempo de cumplicidade com a menina de 19 anos do andar abaixo ao dele.
--É, eu...—ridículo esconder a tensão do momento. Ela está no elevador com um idiota que pregou uma arma no painel...
--Olha, se eu fosse você guardava a Glock. O pessoal do Tinho já foi embora. Deu para ouvir os caras assustados falando ao telefone.
Cristian se impressiona como a menina sabe de tudo. Deveria ficar bravo por isso, mas se sentiu ainda mais próximo da menina. Desconversa disfarçando a alegria de saber que escapou por hoje:
--Como é que você sabe o que é um Glock?
Ela continua a olhar o elevador, que quase centímetro a centímetro pára, um andar acima apenas:
--Eu jogo CS.
--Sério. Olha, continua só no CS mesmo, essa vida é f...complicada.
--Eu sei. Meu irmão já teve a sua função, sabia?
--Como assim, minha função?
--Ele já foi “pescador profissional”—fala com a mesma calma de quem fala de uma profissão comum, como advogado ou médico.
A porta se abre. Aleluia. A tensão o mataria antes da dor nas costelas. Mesmo assim ele irrompe em meio ao silêncio de quem se fez ignorante ao que ela falava:
--E o que houve com ele? Cansou de trabalhar sozinho?—falou mais rápido do que imaginou a pergunta.
--Não. Ele morreu. Mas não estava sozinho. Você também não está.—finalmente ela o olhou e mostrou que os 19 anos eram quase como uma fachada para uma pessoa bem endurecida. A pele morena poderia passar a imagem de uma carioca morando em “sampa” que pouco faz da vida, mas ficou nítido que ela não faria nada no sexto andar. Ela só queria a pequena conversa, que de casual não tinha nada.
Agora era hora de voltar ao 52 e rezar para que o Beto estivesse livre hoje para praticar um pouco de “medicina antecipada”. As costelas quase gritam cada número do telefone do estudante da USP, e agora é só torcer para que ele esteja de pé.


São 2:30 da manhã de sábado, o nome dele é Cristian e falta muita coisa para ele poder viver sua vida.
(continua? post com "sim" ou "não")