quinta-feira, 13 de dezembro de 2007

Quanto custa ter um nome

Há pouco tempo me mudei. Assim sendo, tive de me embrenhar por horas dentro de um cartório, matando as saudades que nunca tive do pagamento de taxas para conseguir veracidade sobre aquilo que os homens dizem no papel.

É curioso pensarmos que no cartório a palavra ainda vale alguma coisa. Ninguém se leva mais a sério (eu me incluo), mas a sociedade sempre teve mecanismos para fazer valer a palavra de alguém. Antes era o sobrenome. Depois tivemos uma semi-democratização, onde as pessoas podiam fazer valer sua palavra pela igreja. Os dois foram assassinados com nicknames de web e programas dominicais, sobrando o cartório. Assim sendo, o cartório é o lugar onde você pode pagar tudo. Do aluguel ao casamento. De certidões de óbito ao primeiro bem que você adquire, o seu nome.

Para muitos, carregar o seu nome pode ser nada mais do que abrigar seu RG na carteira do bolso traseiro, mas nossa designação neste mundo pode pesar muito até mesmo para calças de cifras proibitivas.

Nosso nome é como a água da vida social, vital para nossa subsistência. Sem ele nos tornamos um homo sapiens sem tacape, e é nisso que eu acredito. Só que um nome sem história também vale tanto quanto uma placa de trânsito ao contrário, ou dinheiro que não está mais vigente.

O nome é só o arcabolso que vai abrigar tudo que conseguirmos colocar dentro dele. Demora muito conseguir algo que preste, mais ainda retirar o que não ajuda a manter o brilho dele.

Ando pensando nisso constantemente. Não pelos outros, não por filosofia, mas porque é minha responsabilidade escrever com atos e palavras e minha biografia. Muitas vezes nos emocionamos ao ver um capítulo crítico de novela, porque isso é intimamente relacionado com a nossa própria vida. É preciso ter estômago para guinar sua história de vida. Isto acontece porque de forma harmoniosa, quando nos ferramos, principalmente no ambiente de trabalho, alguém se dá bem. E ninguém vai apoiá-lo a sacudir a poeira e esticar as rédeas, existentes nos modelos de 1, 2, 5, 10, 20, 50 e, raramente 100 reais.

Quem me conhece sabe que as grades, no sentido amplo da palavra, não me caem bem. Sou capaz de arrancar um braço para seguir meu caminho por livre opção, o que é um traço pouco admirável àqueles que adoram a idéia de um ser dependente. Minha resposta está dentro do que todos que não nos querem dizem: ninguém é insubstituível. É, ninguém é, porque só é insubstituível quando alguém realmente se importa e se congratula por ter cruzado o seu caminho.

É hora de pensar profundamente na sua vida. Com certeza existem opções pouco louváveis no início, mas é verdade que muitos atos de grandeza só foram possíveis porque foram praticados por gente capaz de descer dois degraus e se sujar na lama das opções que envolvem riscos, uma lama gelada que afasta os mais desprovidos de proteção espiritual.

A mudança me cutuca. E pode ser que ela venha para o bem, mesmo que me despeje problemas por um tempo. Analisando friamente, pode ser uma boa saída, uma economia para não perder os prováveis 50 reais que alguém um dia pagou para eu carregar letrinhas no campo principal do meu RG.

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