sábado, 19 de setembro de 2015

CHEVETES.

Nos últimos dias (30) tive um passeio pelo mundo 2015. Depois de 5 anos longe do verdadeiro "rolê", me peguei em um mundo bem diferente daquele que deixei. Ainda não sei se é melhor ou pior, mas com certeza ele me deixou um tanto deslocado.

Nesse mundo paulistano que conheci até agora:

Um homem sem barba é um homem sem pinto.
Um homem com cabelo barbercut tem +50% de pinto.
E um homem lumber-samurai (WTFUCK IS THIS?!) é um homem com dois(?!) pintos.
O homem com dois pintos em geral curte homens, e beleza.
Mas não é que as meninas curtem esse mesmo?
Resultado: É zero a zero no Pacaembú, amigos da Rede Globo.

90% das meninas abaixo da faixa dos 25 anos são bissexuais (até aí sussa), mas têm uma coisa estranha em comum: São blazé, falam "nada" com propriedade diplomática e parecem destilar um ódio de transferência apenas a um sexo, o masculino. Não retruque. Não indague. Você pode tomar uma estatística na fuça, um dedo na cara (ufa) e um post nuclear na sua vida virtual.

Ninguém se encontra pelo simples fato de estar muito ocupado em não procurar algo além da razão.

Nessa das meninas que curtem tudo e não pegam ninguém, eu penso: Eu que tenho bons amigos de variados perfis de sexualidade (irrelevante na hora de conhecer um brother, uma amiga), não consegui entender o paralelo entre eles (em paz) e essas meninas (em "luta").

Ao mesmo tempo, fico me perguntando o que diabos os meus colegas de classe (homens hétero) fizeram com o sexo feminino nesses últimos anos. Será que essa geração deu cria uma ninhada de monstros machistas "no último" (grau)? Será que eles são escrotos, todos cafajestes formados?
 Eu não sei mesmo. E apenas observo. É triste ver o verso de Criolo (lindo) fazer sentido: "Os bares estão cheios de almas tão vazias" ("Não existe amor em SP").


São Paulo parece estar perdendo seu ar cosmopolita. Entre Augusta, restaurante na Vila Olímpia, Praça Roosevelt, baladinha em Moema ou boteco na Vila Mariana, ao que tudo indica, o vírus que me fez feliz em vir/ficar aqui morreu. As pessoas andam cada vez mais pasteurizadas. Iguais.
E (ha) todas se sentindo extremamente diferentes.  É um pouco triste- e muito como uma febre da tal "roupa do Rei". Ninguém é burro. Todos estão pelados. Se veem pelados. Mas contratam uma passadeira para seus novos trajes.

Opiniões são perigosas. E não falo de opiniões que merecem ser rechaçadas, como racismo ou um machismo. Não. Eu digo opiniões. Não gostar de um filme ou simplesmente odiar a ideia de praticar tal esporte podem ser agora não mais um motivo para conversar e debater, mas um "getta fuck out of here" da mesa, já que tal afirmação pode ser o cheiro de algum valor deturpado. É como sentar com 4 cães da Polícia Federal que entre um gole e outro farejam suas obturações.

Essa é meio direta. As pessoas chegaram ao ápice da usurpação ideológica.
Vejo hippies que voltam pra casa de carros com preços de apartamentos.
Vi molecada vestida de B-Boy (vai pesquisar) que não sabe fazer um passo sequer de dança e tem vergonha de dançar.
Vi nego vestido de artista cheio de tatuagens que fala ser "do rock na veia" mas na real não sabe tocar um acorde ou conhece sequer algo além de uma banda.
Vi até mesmo skatistas que só carregam skates (seria uma modalidade?).
E se fosse só isso, ok. Mas o nível de "cosplay da vida real" anda chegando a pontos que desafiam o senso de lógica. É como se as pessoas agora não fugissem de sua realidade às vezes, mas simplesmente desconhecessem a realidade e estivessem em um comercial da Tubaína com os ursinhos carinhosos o tempo todo, ironicamente à procura de sexo de vingança, amizades de network e um título de MMA sobre...bem...sobre o que ela quiser.

Os "brothers" andam com a masculinidade ferida. Observei muito (é mania) o approach para tentar entender a dinâmica social atual. E fiquei com vergonha de ser homem. Os homens têm medo das mulheres. E são doidos para puxar briga com outros homens. Assim. Ele se acovarda com um drink na mão para buscar uma conversa ou um beijo com a menina que quer, mas está pronto para usar seu brazillian jiu-jitsu paranauê das creatinas e wheys dos infernos em qualquer um que olhar para a mulher que miseravelmente fracassa em cativar. Eu apelidei isso de "Homem-Hiena": Ele não faz nada. E tenta ganhar a mulher como o animal que eu lhe imputei faz, esperando a "presa" cansar e se entregar sem motivo real.

O dado mais esquisito pra mim: Todos possuem um discurso pronto MUITO parecido. É como se eu tivesse voltado ao Colégio Santista em 1994, quando aos 13 anos eu via todo mundo combinando o que é "cool'. O problema é que esse povo está atrasado pra ser assim na base de 10 anos. Cogito alguma vitamina que tenha sido colocada secretamente nos "sucos do bem" para obter um retardamento no auto-conhecimento. É incrível como as ruas estão lotadas de carros, os prédios cobram (e vendem) um metro quadrado cada vez mais absurdo X o que entregam mas todos, todos falam algo que eu chamaria de "CHEVETE": Ciclista, Esquerdista, Humanitário, Vegetariano, Eclético, Tolerante (em todos os sentidos) e ainda assim, Ecológico.

Postar não é opcional. Parece que postar selfies feliz e toda sorte de "material midiático de como eu estou bem pra caralho" é a prioridade. Vi bares, baladas e até rolês do tipo "bebendo na rua" repleto na base de 80% com pessoas de caras fechadas, sozinhas, isoladas e deslocadas desesperadas tentando registrar momentos mais fakes que entrevista de mãe com bebê em campanha política.


Por fim, o que me bate da mais desesperador: Parece que todas as pessoas estão cada vez mais se tornando marcas, munidas de sua própria "auto-agência de Relações Públicas". O problema é que depois que o discurso pronto é disparado, vejo o fruto da pior hipocrisia ( a consigo mesmo), que é um bando de gente que nega andar de carro, nega ser de direita em algum aspecto, nega ser machista ou ter alguma relação de vingança no feminismo torto, nega às vezes não querer salvar o planeta e nega tudo, pois uma vez dado o recado, tudo bem. "Eu estarei blindado no que interessa, que é o mundo virtual."

Qual o erro nisso? É que como em um regime, o primeiro passo para se emagrecer é admitir:
"-Porra, estou gordo."

Se todo mundo nega tudo e todos, devemos fundar uma faculdade em homenagem ao mestre da negação cara-de-pau, o Sr. "Rouba, mas faz". Pois é isso que temos feito. Roubado o diálogo, roubado a real evolução...e fazendo o que quisermos, doa a quem doer (pois temos uma geração de Houdinis atitudinais. Eles fazem e ninguém viu. E aí tudo bem, né? NÃO. Não está tudo bem.)

Então, se há pra mim alguma coisa a ser apontada é que no mundo onde o politicamente correto venceu, o praticamente (na prática) correto parece estar indo de mal a pior. Vejo Chevetes praticando discriminação velada, cheirando pó até as tampas, dirigindo TREBADA nas ruas e se auto-destruindo em um holocausto sexual que varre corações e noções de relacionamento humano pra debaixo do tapete sob o pretexto de amor livre. Amiguinhos, livre pode ser. Mas amor, na moral, não é. Isso exige um mínimo de tolerância REAL (não a que vivo vendo ser postada) e mais um tanto de dedicação.

Prazer, eu sou André, tenho um monte de defeitos, mas prefiro admiti-los a viver sendo uma porra de um Ken verborrágico (Mattel). E que se algum dia um Chevete vier fazer a tática de "varredura da vida do cara para destruí-lo e calá-lo sobre o que nos incomoda", eu possa abraçar cada podre que ele quiser levantar.

Por quê? Simples. O primeiro passo para resolver um podre é admiti-lo. Como eu já tinha dito: é como fazemos na hora de uma dieta. Vista sua pança e a vergonha na cara.

 Basta pôr menos filtro na foto e mais consciência no espelho.

Bjo, tchau.





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