quarta-feira, 10 de outubro de 2007

O salto


Fique de pé.

É o primeiro passo. Parece simples, mas ficar de pé é uma expressão muito ampla. Engrandeça tudo que você é até chegar ao limite da verdade. Não exceda o limite. Um bom salto depende de cálculo, seja você bom ou não com os números.

Na vida damos vários saltos ( ou não). É preciso saltar, caso contrário, a repescagem será a sua rotina. E os prêmios maiores só chegam às mãos trêmulas de quem saltou. Mãos calmas e condescendentes não saem do chão. Escolha: segurança ou possibilidades?

Ficar de pé é dar um salto, e este é dado bem cedo. Aprender a nadar, é um salto ( na água).

O primeiro beijo, meus caros, é um salto dado para a frente, que esperamos ser realizado com maestria. Mas não tem problema, este é um salto para se praticar a vida inteira. ;)

As meninas saltam também. Além de tudo, precisam saltar mais alto, daí os mules e tamanquinhos da vida. Sofrem com os acrobatas machistas, daí é preciso saltar alto o suficiente para cravar os calcanhares neste tipo de ego-zepelin.

Depois de um tempo você ganha liberdade--sai do colégio. É o salto mais comemorado para alguns. É hora de começar a vida real, onde o salto em geral é do tipo mortal duplo e só podemos cair 'cravados" ou nos machucarmos.

Hoje eu vivo o salto do trabalho. Vivo o salto de quem quer começar a saltar sem a rede de segurança de meu pai, que já viu circos demais neste sentido. Meu pai conseguiu sucesso relativo, mas admite ter saltado pouco. Devem ser as pernas em arco, somadas ao caráter tradicionalista.

Tenho saltos que pratico e só ensaio. Mas agora preciso do salto do trabalho. E este dá medo.
Muitos outros saltadores de minha geração já estão fazendo turnês de sucesso, e estou concorrendo com saltadores mais novos. Não os subestime: Muitos sabem a flexibilidade de paciência que eles têm e eu já tenho enferrujada, como articulações que já sinalizam não serem "zero km".

O salto do trabalho é complicado. Muitas vezes somos exímios em um tipo de salto e tudo que o mestre de cerimônias da ocasião quer é só um "salte batendo palmas'. O inverso é menos frustrante. É bom ser cogitado para saltar de forma olímpica enquanto ainda nos alongamos na academia.

Agora me vejo na minha primeira plataforma. É mais ou menos como me senti na primeira vez em que saltei para cima de um palco e cantei. Só que não dá para fechar os olhos e esperar um microfone falar tudo que eu diminuí com a tensão. Agora é tudo ou nada.

Menos de 48 passos ou horas...

E eu te digo uma coisa:

Estou de pé, amigos. Minhas mãos suam. Mas descobri um fator competitivo...

O otimismo e a confiança, neste tipo de salto, são extremamente AERODINÂMICOS.


Rufem os tambores. Pipocas e refrescos com o rapaz na arquibancada, pessoal.

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